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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O meteoro Inès e a cratera Mariano

Pedro Santos Guerreiro

PEDRO SANTOS GUERREIRO

DIRETOR

22 de Dezembro de 2017

A jornada era excecional na Catalunha (e em Espanha), foi pacífica e mobilizadora, com mais de 80% dos eleitores a votar. No final, os unionistas do Ciudadanos ganharam as eleições catalãs, com um resultado histórico de 25,3%. Mas, em conjunto, os partidos independentistas ganharam a maioria. É um imbróglio (ainda) sem geringonça. Como escreve o El Pais, “é um cenário de difícil governação para esta comunidade que ameaça afetar toda a política espanhola.”
A eleição confirmou a ascensão fulgurante de Inès Arrimadas, um meteoro na política espanhola que conquistou o melhor resultado de sempre do Ciudadanos. É a grande vitoriosa da noite, que disse estar disponível para formar governo. Não se sabe é como: os independentistas ERC, Juntos pela Catalunha e CUP ainda podem… formar governo. Tanto que, surpreendentemente, Carles Puigdemont, que está auto-exilado em Bruxelas, ficou em segundo lugar e, no limite, pode voltar a ser presidente do governo catalão. Ninguém anda a brincar com o fogo, mas é fogo e não é a brincar.
O dia e noite eleitorais foram acompanhados ao minuto pelo Expresso aqui. “Disseram-nos que somos uma flor de um dia mas um em cada quatro catalães confiou no nosso partido”, afirmou Inès Arrimadas. O presidente do Ciudadanos, Albert Rivera, afirmou que “Inès Arrimadas é uma grande política e uma grande pessoa, que deveria ser — e deve ser — a presidente da Catalunha”. Já Puigdemont não poupou loas ao seu movimento: “A república catalã derrotou a monarquia do 155”, afirmou, referindo-se ao artigo da Constituição que suspende a autonomia da região. “Entendam bem isto. Tomem nota. O Estado espanhol saiu derrotado e Rajoy recebeu uma bofetada dos catalães”.
Sim, grande derrotado é Mariano Rajoy, não só porque o seu PP foi esmagado nas urnas mas também porque não resolveu o problema político com as eleições, mantendo-se a Catalunha dividida, com os independentistas na dianteira. É “a maior tragédia de Mariano Rajoy”, escreve Rubén Amón no El Pais, jornal que escreve em editorial sobre o “incerto futuro”. Já o El Mundo também arrasa os resultados de Rajoy e conclui que “os de Rivera [Ciudadanos] perfilam-se como o futuro próximo do centro-direita espanhol”. No La Vanguardia, Jordi Juan escreve que “o indepentismo cresce e está em condições de governar com un Puigdemont crescido”.
À hora de envio deste Expresso Curto, o governo espanhol não tinha ainda feito comentários oficiais aos resultados eleitorais.

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