por estatuadesal
(Por Valupi, in Blog Aspirina B, 14/01/2018)
Usando os números provisórios, a vitória de Rio deve-se a 22 611 pessoas, o equivalente a 0,2335231214329527% do universo eleitoral nas legislativas de 2015. Esta percentagem minúscula pode vir a ter uma influência gigante no regime caso os sinais de fecho de ciclo e de mudança de cultura se confirmem.
O ciclo que parece fechar-se é o que foi aberto em 2008 com a presidência de Ferreira Leite em tandem com Cavaco, onde a estratégia política da direita se passou a limitar às mentiras, às golpadas, às calúnias e ao ódio. Passos foi o seu mais destrutivo executante, tendo afundado o País quando o aparelho laranja o exigiu e tendo traído o eleitorado e a comunidade ao serviço da oligarquia nacional e de fanáticos estrangeiros.
A mudança de cultura está prometida na recusa da demagogia e do populismo e na obediência ao interesse nacional, precisamente o inverso do que se chama “fazer política” no PSD e CDS onde os respectivos fundadores são desprezados há décadas. Acima e antes de tudo, a mudança de cultura aconteceu, mesmo que tão-só episodicamente, quando Rio ousou expressar um juízo negativo acerca do Ministério Público; agravado pelo contexto dessa declaração que fica agora associada à sua presidência do PSD.
A direita portuguesa está decadente desde o Cavaquismo, este sendo um outro tipo de decadência nascido do controlo do Estado. A nossa actual direita não tem projectos, não tem ideias, não tem líderes nem recursos humanos de qualidade, mas tem Sócrates. Logo, não o podem largar, como não largam desde 2004. Daí as cenas desvairadas que já pudemos ler e ouvir só porque a ministra da Justiça não foi hipócrita e disse em público o que pensava tecnicamente a respeito da situação de Joana Marques Vidal.
A brutalidade e basicidade com que esses infelizes exigem ter uma Procuradoria-Geral da República entregue a um comissário político que lhes garanta o máximo de dor e cárcere para Sócrates e qualquer outro socialista deixa-nos sem saber o que mais admirar: se a sua estupidez funcional, se a sua paixão fatal. Por essa exaltação furibunda se poderá medir o choque de verem Rio a mostrar-se livre e a ser frontal a respeito de uma das mais políticas das dimensões do Estado, a administração da Justiça. Foi um terramoto de magnitude 11 na escala de Richter lá na Pulhalândia.
O Observador reúne a fina flor desta direita decadente, embora ela esteja presente na maioria dos órgãos de comunicação social. Fizeram do pasquim do Zé Manel uma plataforma de apoio a Santana Lopes. A ideia seria meter o Pedro em palco e ir gastando o tempo até que Montenegro pegasse no partido depois da derrota do PSD em 2019. Único plano conhecido desta degradante gente, aproveitar as oportunidades para continuar a espalhar ódio e a boicotar o País até que uma crise política qualquer os levasse para São Bento. É consolador testemunhar que os tais 22 611 militantes do PSD são muito mais fortes do que a tremenda força mediática dos que já só querem ver o Estado de direito democrático a arder.
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