por vitorcunha
No cânone da loucura dos “excessos de um artista”, expressão devidamente ilustrada na canção “Baile da Paróquia” de Rui Veloso e Carlos Tê, figura no topo da página um certo incidente ocorrido durante o Seattle Pop Festival em 1969. Ao que consta, uma bonita groupie1 ruiva foi atada nua a uma cama onde membros não nomeados da banda Led Zeppelin a penetraram com um peixe. Membros da banda Vanilla Fudge também se identificaram como autores da instalação artística, mas, à parte de um mítico filme — cuja existência é mais do que plausível —, tais declarações podem ser um mero aproveitamento de obra alheia. Há, contudo, algumas divergências acerca da espécie de peixe utilizada no happening, sendo que o galhudo-malhado da história original parece ser uma aproximação romantizada (os tais excessos de um artista) de um comum arenque.
O que é sabido é que, algures, uma sexagenária anda a conter-se de se associar ao movimento #MeToo. O seu silêncio ensombra a aura de delação vanguardista que faz substituir tribunais por bonitos vestidos em desfiles de galardões cinematográficos e, lamentavelmente, impede a correcta catalogação ictiológica do evento.
Como diz a canção, “já ninguém mais tem respeito pelos excessos de um artista”.
1 Groupie é um termo que designa um tipo de rapariga que, não tendo sido levada pelos pais para o programa Supernanny porque tal violaria os seus direitos, tendia a aparecer por geração espontânea em quartos de hotel onde estrelas hospedadas lhes oferecem um cházinho enquanto ouvem uma ou outra história com lobos maus.
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