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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Cinco horas para fugir à morte

João Vieira Pereira

JOÃO VIEIRA PEREIRA

DIRETOR-ADJUNTO

27 de Fevereiro de 2018

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Na guerra não há apenas uma versão. Na Síria há muitas, contraditórias, confusas e nada fáceis de entender. Morte há só uma, às centenas, e cega cai sobre civis, crianças e inocentes.
E às vezes o maior suspeito pode ser visto como um herói, dependendo de quem vê. O ataque ao último reduto rebelde no país, em Goutha Oriental, é uma inegável montra do poder russo e do domínio que mantém na região. A resolução aprovada no sábado pelo Conselho de Segurança da ONU, que exigia um cessar-fogo imediato por 30 dias consecutivos, não saiu do papel. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros destrui-o ao afirmar que o cessar-fogo “começava quando todas as partes acordassem como o introduzir”.
É por isso que o anúncio de Putin da criação de uma pausa diária de cinco horas, já a partir de hoje, é a melhor notícia que a população de Goutha recebeu em muito tempo. E vem de quem menos se espera. Esta janela temporal, que começa todos os dias às 7 da manhã (hora portuguesa), servirá para estabelecer um corredor humanitário para quem quiser abandonar a cidade.
Faltam ainda muitos pormenores para saber como vai funcionar esta trégua diária e há dúvidas que seja suficiente. E fica a desconfiança de que esta aparente cedência russa serve apenas para impedir que o cessar-fogo seja de facto cumprido.
Em oito dias de bombardeamentos já morreram 560 pessoas, 36 das quais desde que foi anunciado o cessar-fogo.

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