20.02.2018 12:45 por Leonor Riso125
A denúncia foi conseguida através de uma carta do vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen.
EPA/Patrick Seeger
Um ano e três meses. Foi o tempo que passou até à quebra da promessa de José Manuel Durão Barroso feita à Comissão Europeia, em como não faria lóbi junto do organismo comunitário pelo seu novo empregador, o banco de investimento Goldman Sachs. A revelação foi feita por Jyrki Katainen, vice-presidente da Comissão Europeia, através de uma carta enviada a uma activista da organização Corporate Europe Observatory.
Na missiva, Katainen descreve uma reunião com Durão Barroso no Silken Berlaymont Hotel em Bruxelas, a 25 de Outubro de 2017. Em Julho de 2016, Barroso tinha prometido a Jean-Claude Juncker, o seu sucessor, que não faria lóbi enquanto presidente não-executivo da Goldman Sachs International.
Agora, a organização que denunciou a reunião pediu ao comité de ética que aceitou a contratação de Barroso que reveja a sua posição, e que as actividades de Barroso sejam escrutinadas.
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O comissário Jyrki Katainen ocupa as pastas do emprego, crescimento, investimento e competitividade. De acordo com a carta, foram discutidos "assuntos de defesa e comércio" e a reunião aconteceu "a pedido de Barroso através do telefone no gabinete" de Katainen.
"Geralmente não tiro apontamentos em reuniões e não o fiz neste encontro, também. Por essas razões, não há documentos sobre este evento", acrescenta o comissário europeu.
Katainen acrescenta que essa foi a primeira vez que se encontrou com Barroso desde que ele foi para o Goldman Sachs.
Segundo o EU Observer, uma coligação de mais de 200 grupos de interesse público e sindicatos, a reunião entre Katainen e Barroso está registada como ditam as regras, mas assinala apenas a identidade do banco de investimento, não a de Barroso.
Em Julho de 2016, o antigo primeiro-ministro português prometeu que não tinha sido "contratado para fazer lóbi em nome da Goldman Sachs e não [queria] fazê-lo".
Durão Barroso é consultor e presidente não-executivo do banco de investimento. A sua entrada no Goldman suscitou duras críticas, a que Barroso respondeu dizendo que não tinha ido trabalhar "para nenhum cartel da droga".
Depois da sua saída, o comité de ética ad-hoc concluiu que a contratação não tinha violado as regras, mas que era condenável. "Não demonstrou o discernimento que se pode esperar de alguém que ocupou o cargo que ele ocupou durante tantos anos", indicou.
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