Opinião
Hoje às 00:07
Se nunca fui filiado em nenhum partido político (descontando uma militância na Juventude Centrista entre os 14 e os 17 anos, logo a seguir ao 25 de Abril) é porque não tenho vocação para fretes, formalismos, negociações, consensos, apoios, militâncias e outras atividades do género, que a militância de um partido requer e muito bem. É por isso que eu não tenho nenhuma dificuldade em perceber que no grupo parlamentar do PSD tenha existido uma maioria de deputados que não votaram a favor da lista proposta por discordarem do líder proposto, dos restantes membros da lista ou até da fórmula encontrada para a resolução do problema nascido com a mudança de líder do PSD. Tenho facilidade em perceber, mas tenho muita dificuldade em aceitar, porque é a mesma dificuldade que tenho, há anos, em perceber o que é que leva o dr. Pacheco Pereira a manter a sua inscrição como militante do PPD, sendo público que há muitos anos e há vários líderes que o dr. Pacheco Pereira não só não concorda e não gosta, como ataca amiúde nas suas tribunas públicas.
Sendo a militância partidária uma manifestação de vontade e uma decisão completamente livres e aparentemente até independentes de qualquer vantagem, não se percebe o que vão fazer para os partidos políticos aquelas pessoas que continuam a querer fazer e dizer tudo o que lhes apetece, incluindo as opiniões e as ações que atentam objetivamente contra os interesses do seu partido. Voltando ao grupo parlamentar do PSD, ainda sou capaz de tolerar uma atitude como a que tomou o seu ex-líder Luís Montenegro, que por se considerar menos empenhado no atual contexto partidário, vai abdicar do seu lugar de deputado, dando lugar a outro, que se espera poder ter outro ânimo para um combate coordenado com a nova liderança. Convém não confundir o direito à liberdade de opinião com os naturais deveres de militância partidária. Se ainda os deputados da nação fossem eleitos, como eu gostaria, em círculos uninominais, outro galo cantaria, porque aí poderia defender-se que a principal legitimidade e principal obediência de cada deputado seria com os eleitores do seu círculo e não com os dirigentes do seu partido. Sendo a lei eleitoral como é, um grupo parlamentar é uma extensão natural da política partidária e não vale a pena que quem pontualmente discorda do seu líder venha agora apelar ao putativo respeito pela vontade dos seus eleitores. Que neste caso de mera organização interna partidária nem sequer podem ou devem ser chamados à colação.
Um grupo parlamentar não é um grupo excursionista em que qualquer pessoa pode de repente ter uma dor de barriga e queixar-se de que não gosta de sopa de nabos. Lembrando que pagou um seguro de acidentes pessoais ou um pacote que anunciava uma sopa de grelos. Se o dr. Rui Rio sonha em se impor ao PS e à "geringonça", tem de começar por esse trabalho de casa que é pôr com dono o seu grupo parlamentar. Não lhe invejo a tarefa.
* EMPRESÁRIO
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