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sexta-feira, 23 de março de 2018

As activas e interventivas gentes de Barcelona

As activas e interventivas gentes de Barcelona

22/03/2018

by Ana Moreno

A beleza e riqueza de Barcelona não estão apenas na sua história, nos seus monumentos, nas suas tradições. Não menos, estão nas suas gentes organizadas e frontais.

Espetáculos culturais de bairro é dia sim, dia sim. Ontem um musical sobre os anos 60 no Centro Moral e Cultural, hoje, no Casal de Barri, um coro de mulheres activistas de todas as idades, que se assumem como solidárias, feministas, generosas, sonhadoras, revolucionárias. Um dos temas que cantaram, da cantautora argentina Liliana Felipe, mostra bem esse espírito aguerrido:

Nós, as histéricas, somos o máximo

Nós, as histéricas, somos o máximo

Perdidas, voyeristas, sedutoras compulsivas,

Finas divas atiradas para o divã de Freud… e de Lacan.

Ai, Segismundo, quanta pretensão!

Infantilóide, malsão, o orgasmo clitoriano

Ai, Segismundo, quanta pretensão!

O orgasmo clitoriano escapa-te da mão.

Ai, Segismundo, de tão macho já não encaixas,

Não me digas que o prazer é só masturbação.

Quanto ao resto, correspondo às tuas teorias:

Sou cheia de manias, sonhos, fobias e obsessões

Só a inveja do teu pénis e o divã dos teus eunucos

Gerem as minhas compulsivas pulsões.

Como me agride este mundo, Segismundo!

Somos governadas pela paralisia, a inveja, a neurose…

Como sofremos pelos pobres, como a miséria nos lixa!

Aí sim, o que menos importa é a histeria.

Nós, as histéricas, somos o máximo

Nós, as histéricas, somos o máximo…

Solidárias, fabulosas, planetárias, amorosas,

Superegos moderados, cunnilingus para todas, à vontade.

Ai, Segismundo, quanta pretensão!

Infantilóide, malsão, o orgasmo clitoriano.

Ai, Segismundo, quanta “vaginalidade”!

O orgasmo clitoriano escapa-te da mão.

Ai Segismundo! De tão macho já não sei

Se pôr ponto final ou pôr-lhe… ponto G!

A verdadeira política – não a politiquice da maioria dos políticos – faz-se de base e assume múltiplas manifestações: Castellers, “comidas de traje” (almoços de bairro na rua, para os quais cada pessoa traz alguma comida), centros culturais autogeridos em prédios ocupados ou disponibilizados pelo município, cabeçudos e correfocs, hortas de bairro, decisões da população sobre o uso de espaços livres, cooperativas de consumo autogeridas, iniciativas temáticas de base social…

É assim que a intervenção social e o associativismo se aprendem de pequenino, nos bairros de Barcelona.

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