(Por Zé de Baião, in Facebook, 22/03/2018)
Os meus pobres avós diziam-me que os ricos rezavam à mesa pelos pobres, mas não distribuíam nada com eles.
Só ganhou vergonha agora Sr. PR?
Só percebeu agora que há portugueses pobres?
Não teve vergonha quando os seus familiares e amigos apoiavam a miséria imposta pelos Governos de Salazar, atirando os nossos pais e avós para a miséria, sem condições de ir à escola, sem se poderem expressar e queixar da miséria e ainda a perderem a paz e a vida na guerra?
Não teve vergonha?
Não lhe pesa na consciência alguma co-responsabilidade?
Não conhecia a realidade do país enquanto passou tantos anos a comentar nas TVs para chegar a PR e enquanto assistia à degradação humana, social e económica no tempo dos governos do seu partido e no tempo do anterior Governo PSD/CDS? Fizeram melhor? Porque é que não sentiu vergonha?
Pois eu que sou um simples cidadão aldeão e técnico de acção social citadino, que há muito sentiu e percebeu a pobreza, até porque, tal como a esmagadora maioria dos portugueses, não precisamos de chegar a PR nem ao aproximar de eleições, para perceber que a pobreza existe há muito e que é necessário preocupar-nos com ela.
Talvez, se tivesse sentido vergonha no tempo do senhor governante a quem escrevia umas cartas de simpatia, muito provavelmente o país e os portugueses estariam hoje bem melhores. Mas contribuíram para o acentuar da pobreza e para um atraso de décadas.
É este o sentimento de um filho e neto de gente que passou muitas dificuldades e até fome, trabalhando no duro e de sol a sol, para o senhor e outros que tais terem tudo, à custa de uma esmagadora maioria que há décadas tem quase nada.
Comece por dar o exemplo e limite o seu salário e reformas chorudas à média daquilo que recebem os portugueses. Ou então passe um só mês com a reforma ou salário mínimo e pode ser que perceba e faça perceber à classe política e designadamente à classe política de direita, que já vem do tempo dos governos de Salazar e dos seus familiares, o que é e como se sente a pobreza.
Se viverem e sentirem a pobreza aos mais diversos níveis, talvez se esforcem por a resolver.
Lamento que só tenha percebido e sentido agora, quando os portugueses já perceberam, ou deveriam perceber, que já anda a pensar nas próximas eleições.
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