por vitorcunha
Sendo o “dia da mulher”, debruçar-me-ei sobre o problema da igualdade no mundo artístico.
Os homens são, desde que importa recordar, representados em todo o esplendor viril, com detalhes de músculos, veias, pêlos púbicos e pénis. As mulheres são representadas como tendo osso pélvico e mais nada - não há vulvas, não há pêlos púbicos, não há qualquer tentativa de representar a existência de um sexo. Não admira que se pense que bebés vêm de França por cegonha ou a sua variante pós-moderna, de um supermercado de óvulos e espermatozóides devidamente misturados por indivíduos de bata pagos pelo contribuinte.
Nada. Nem um pequeno vale.
Quando uma pessoa envia uma chamada dicpic para pantomineira exibicionista que não se coíbe de dizer ao mundo o quão boa é ao ponto de receber dick pictures por ridicularização do perpetrador, fica, naturalmente, à espera da equivalente cuntpic. Porém, uma busca no urbandictionary.com revela a entrada de dicpic sem que se encontre o equivalente cuntpic, pussypic ou outro qualquer equivalente. Isto seria suficiente para originar a adição de nova acepção à definição de vagicide. Efectivamente, estão a matar a vagina na cultura pop.
A única forma que me ocorre de combater o heteropatriarcado é através da representação da vulva em graffiti. Não faltam pilas em paredes no estilo naïf-mas-ei-todos-podemos-ser-artistas, mas o défice de vulvas é particularmente alarmante.
Assim, no dia da mulher, pela igualdade e pela representatividade, é meu desejo que o vandalismo de paredes se torne inclusivo. Para o efeito, defendo quotas para arte de rua: por cada pila numa parede deverá haver uma vulva da mesma cor.
Sem comentários:
Enviar um comentário