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quinta-feira, 29 de março de 2018

“Jo sóc Puigdemont i Europa és un covard”

“Jo sóc Puigdemont i Europa és un covard”

“Eu sou Puigdemont e a Europa é cobarde”.

É este o sentimento de europeus como Jakob Augstein, jornalista, co-proprietário da Der Spiegel membro da família do grande editor há mais de 50 anos, Rudolf Augstein, e actualmente uma das personalidades alemãs mais influentes.

Num artigo que acaba de publicar, Augstein defende que a Alemanha não se pode dar ao luxo de extraditar o Presidente da Catalunha, Puigdemont, e pede que lhe seja concedido asilo político. “A prisão de Puidgemont é uma vergonha. Para a Espanha. Para a Europa. Para a Alemanha” — escreveu.

O Estado espanhol é centralista e age contra o seu próprio povo. A prisão do presidente catalão é um infortúnio para a Espanha, uma desgraça para a Europa e um péssimo sinal para a Alemanha.

Thomas Urban, de Süddeutsche Zeitung de Munique, o segundo diário mais lido na Alemanha, escreveu “a Alemanha já tem o seu primeiro prisioneiro político”. Puidgemont não é “um terrorista mas um político legitimado por eleições livres”.

Estas são algumas frases emblemáticas extraídas de dezenas de artigos publicados nas últimas 48 horas, nos meios de comunicação de todo o mundo e nem todos, obviamente, na mesma direção que a de Augstein, desde que o presidente catalão foi detido na Alemanha a poucos quilómetros da fronteira com a Dinamarca.

O Editorial desta segunda-feira do The Times, apesar de estar claramente alinhado contra a independência da Catalunha, exigiu que Mariano Rajoy começasse a falar com os seus oponentes e parasse de os prender. É uma questão política que está sobre a mesa. Puidgemont e os seus companheiros são presos políticos num dos maiores países da União Europeia que se ufana de ser território da Liberdade e da Solidariedade. Por isso, está de cócoras perante regimes musculados como os da Turquia ou da Rússia. A liberdade e solidariedade são valores ocos de sentido na Europa de Adenauer e Delors.

Ninguém pode ignorar que a detenção de Puigdemont e a presença de presos políticos na UE deixou de ser uma birra espanhola para se transformar numa causa central europeia. Como gritamos contra os terroristas que mataram os colaboradores do semanário francês Charlie Hebdo, também hoje, cada um dos europeus é desafiado a defender a sua própria liberdade gritando bem alto “Jo sóc Puigdemont i Europa és um covard”— “Eu sou puigdmenont e a Europa é cobarde”.

Alguém pode aceitar que os três candidatos propostos pelo governo desde as eleições de 21 de Dezembro — organizadas e fiscalizadas por Madrid com a vitória da independência (Carles Puigdemont, Jordi Sanchez e Jordi Turull) —  estejam atualmente na cadeia, os dois últimos nas prisões espanholas?

O Estado espanhol — com a cumplicidade da Europa — está a esmagar direitos políticos, irregularmente arrebatados aos líderes catalães vitoriosos das eleições legítimas e legitimadas.

Os catalães pedem e merecem a coragem democrática da União Europeia, não a sua cobardia. Os derrotados nas eleições, não podem, num toque de magia, passar a ser os vencedores no momento de aplicar um resultado que não lhes pertence.

Para a Europa, a Liberdade política e de expressão não podem continuar a ser um assunto interno, é uma questão de Direitos Humanos, à qual não pode fechar os olhos.

Uma coisa é certa: o futuro da Catalunha está nas mãos de um juiz, o que é uma tragédia para a democracia espanhola que acaba por dar razão aos independentistas e a quem os apoia, pois sempre foram pacíficos.

Em Espanha e na Europa não há ninguém — excepção feita para Felipe Gonzalez —  que se dê conta da gravidade deste momento, e por isso disse:

Independentistas? Não temos que os destruir, mas sim, vencê-los democraticamente. Não sabeis — nem a Europa nem Mariano Rajoy — o que estais a fazer aos catalães, porque, após cada detenção, se está a humilhar um povo inteiro”.

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