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sábado, 17 de março de 2018

Ladrões de Bicicletas


Amanhã: "Pensar a Economia"

Posted: 14 Mar 2018 04:36 AM PDT

A primeira sessão do ciclo "Pensar a Economia", dedicada ao Sistema Financeiro será dinamizada por Francisco Louçã. Organizada pelo Coletivo Economia Sem Muros e pela Cultra, a sessão tem lugar amanhã na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa (Sala 219) pelas 18h00. Estão tod@s convidad@s.

Lógicas cúmplices

Posted: 14 Mar 2018 03:22 AM PDT

Quando todo o processo começou, quase era estranho explicar a pessoas que não tinham contacto com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) que tudo tinha uma lógica. E que a lógica não iria beneficiar os cidadãos.
Mas estava na cara. O SNS sempre foi subfinanciado. Ano após ano, na década de 90 repetiam-se os debates parlamentares sobre o Orçamento de Estado em que se provava que a actividade do SNS no ano seguinte não estava financeiramente coberta. E lá surgia sempre um argumento: "Não há dinheiro". Mas o dinheiro aparecia, depois, noutras rubricas, sem explicação lógica e aprovadas sem uma discussão clara sobre opções. A opacidade democrática no seu melhor.
Depois, iniciou-se esta lógica de moda liberal - sabe-se lá porque pressões estrangeiras, aceites tanto pelo PSD, como pelo PS sem qualquer estudo ou debate, que conviria perceber em que circunstâncias - de que os recursos seriam mais eficientemente geridos se os hospitais se digladiassem e tivessem uma lógica privada de gestão. Agora o estado do SNS já é objecto de uma tese de doutoramento em que se sintetiza o que está a ser feito há muito e com uma certa lógica. Retiro um excerto da edição de hoje do Público:

“O que aconteceu de mais importante neste trajecto de 50 anos foi, em 2002, a empresarialização dos hospitais”, diz Paulo Simões, destacando a introdução dos contratos individuais de trabalho e o fim das carreiras. “Teve um profundo reflexo porque desestruturou as equipas. Ter um lugar num serviço público deixou de ser uma referência. Como me disse um administrador de uma agência governamental, o Estado passou a ter 50 hospitais a concorrer entre si. Passou-se a uma situação de roubar recursos humanos de um lado para outro e os mais favorecidos foram o sistema privado e as parcerias público-privadas que conseguiram captar os jovens mais promissores. Os mais velhos sentiram-se sob um constrangimento enorme e quem pôde foi embora.” Paulo Simões sublinha que “a troika só veio agravar o que já estava no terreno”.


Fez sentido este processo. Mas deve ser parado, quanto antes.

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