por Sérgio Barreto Costa
Há duas semanas escrevi aqui sobre a ida de Passos Coelho para a Universidade. Entretanto, por causa desse texto, fui abordado por amigos e conhecidos, curiosos por saber se tenho alguma coisa contra doutorados e académicos puristas. Sinto, por isso, que há aqui um mal-entendido que importa esclarecer: em relação aos primeiros só posso experimentar uma certa inveja pela perseverança e capacidade de concentração; em relação aos segundos, que defendem que os lugares de professor do ensino superior devem ser todos ocupados por pessoas que entraram na escola aos 6 anos de idade e nunca mais de lá saíram, não só não tenho nada contra, como até julgo, depois de ter pensado melhor no assunto, que eles têm razão. Imaginem que esta moda de recrutar docentes com experiências de vida fora dos campus universitários se espalha na nossa Academia? O que iria acontecer aos restantes, despojados do seu posto e lançados à crueldade do “mundo exterior”? Muitos deles acabariam, certamente, por se aleijar. Outros, ao tentarem introduzir as suas teorias no quotidiano, acabariam, certamente, por aleijar alguém. Se há coisa que a história já provou é que o local onde os intelectuais provocam menos danos é no recato das faculdades e das bibliotecas. Logo, tudo o que possa contribuir para os tirar de lá deve ser evitado. Se Passos Coelho quer continuar a ser útil ao país, o melhor que tem a fazer é deixar a torre de marfim em paz.
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