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Desde que o Reino Unido acusou a Rússia de matar um espião em Inglaterra, 125 diplomatas russos já foram expulsos de mais de 20 países. Como Portugal, que os vai manter, só há mais sete países da UE.
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Mais de 20 governos seguiram o exemplo do Reino Unido e expulsaram diplomatas russos colocados nos respetivos países. As represálias diplomáticas foram tomadas depois de o governo britânico ter acusado a Rússia de ter orquestrado o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e a filha Yulia em Salisbury, em Inglaterra. O Reino Unido expulsou 23 diplomatas russos e Moscovo respondeu dando ordem de saída a outros 23 diplomatas britânicos. Desde então, só os Estados Unidos mandaram para casa 60 diplomatas russos.
As notícias mais recentes dão conta da expulsão de sete diplomatas russos a serviço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO): a decisão foi anunciada esta terça-feira pelo secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, e noticiada pela AFP. Além disso, o líder da NATO anunciou que a acreditação a três diplomatas foi recusada e que a missão russa junto da organização será reduzida de 30 para apenas 20 elementos. Esta é a forma que a NATO arranjou de “enviar uma mensagem muito clara à Rússia de que as ações têm consequências”.
Dentro da União Europeia, o primeiro-ministro da República Checa anunciou em conferência de imprensa que ia expulsar três diplomatas russos e Martin Stropnicky, ministro dos Negócios Estrangeiros, escreveu no Twitter que esses diplomatas eram “persona non grata” no país. A Dinamarca juntou-se à onda de expulsões: “Ficamos ombro a ombro com o Reino Unido e dizemos claramente ‘não’ à Rússia num tempo em que a Rússia também está a ameaçar os valores ocidentais”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros Anders Samuelsen.
Outros estados europeus seguiram os passos britânicos. A Alemanha justificou a expulsão de quatro diplomatas russos com “a apertada coordenação com a União Europeia e com os aliados da NATO”: por lá, os diplomatas têm sete dias para sair do país, um prazo que foi comunicado à embaixada russa na Alemanha. França está “solidária” com o Reino Unido e pediu a mais quatro diplomatas que saíssem de território francês porque “o ataque levantou uma séria ameaça para a nossa segurança coletiva”.
Estas também foram as justificações dadas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da Hungria, de Itália e da Lituânia. O primeiro-ministro da Holanda utilizou a página de Facebook para “condenar a utilização de armas químicas, que é inaceitável” e a Polónia disse que o ataque que vitimou o espião russo (que se encontra em estado crítico) “ameaça todo o território da União Europeia e todos os cidadãos da NATO porque pode acontecer em qualquer lugar”. Aqui ao lado, os espanhóis expulsaram dois diplomatas: “Desde o início que consideramos o ataque do agente nervoso em Salisbury um desenvolvimento extremamente sério que representa uma ameaça significativa à nossa segurança coletiva e ao direito internacional”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros no Twitter.
Por cá, o ministério dos Negócios Estrangeiros avançou que Portugal não vai expulsar os diplomatas russos que residem no país: “Portugal acredita que a concertação no quadro da União Europeia é o instrumento mais eficaz para responder à gravidade da situação presente”, pode ler-se na nota oficial.
Fora da União Europeia, a reação tem sido semelhante. Os Estados Unidos deram ordem de saída a 60 diplomatas russos identificados pela Casa Branca como agentes secretos e aproveitou para encerrar o consulado da Rússia em Seattle: de acordo com o governo de Trump, 48 deles trabalhavam nessa representação e outros 12 eram funcionários das Nações Unidos em Nova Iorque. Esta decisão é a mais feroz das tomadas até agora pelo presidente norte-americano contra os russos.
Os Estados Unidos foram o país que mais diplomatas russos expulsaram até agora. A seguir vem a Ucrânia, que tem vivido momentos de hostilidade com a Rússia, que já resultaram na anexação da Crimeia: o presidente Petro Poroshenko anunciou a expulsão de 13 diplomatas porque “a Rússia reconfirmou uma vez mais a sua atitude esquiva para com a soberania dos estados independentes e o valor da vida humana”.
A Austrália, à semelhança da Alemanha, também deu sete dias aos dois diplomatas russos para saírem do país. E o Canadá mandou embora quatro diplomatas que serão “agentes secretos ou indivíduos que utilizaram o seu estatuto diplomático para ameaçar a segurança do Canadá ou interferir na nossa democracia”. Chrystia Freeland, ministra dos Negócios Estrangeiros, afirmou ainda que “o ataque com o agente nervoso representa uma clara ameaça à ordem internacional baseada em regras e às regras que foram estabelecidas pela comunidade internacional para garantir que as armas químicas nunca mais destruiriam vidas humanas”.
Entretanto, outros países estão com Portugal e decidiram não expulsar qualquer diplomata russo colocado nos seus territórios. Na Áustria, o chanceler Sebastian Kurz e a ministra dos Negócios Estrangeiros Karin Kneissl anunciaram que não iam seguir os exemplos da maioria dos países europeus: “Não tomaremos medidas nacionais. De fato, queremos manter os canais de comunicação para a Rússia abertos. A Áustria é um país neutro e vê-se como um construtor de pontes entre o Oriente e o Ocidente”, anunciou o governo na segunda-feira.
O Chipre decidiu o mesmo: Prodromos Prodromou, porta-voz do governo, veio dizer que o país “não está entre os 14 que vão tomar as mesmas medidas” de expulsar diplomatas russos do país. O Chipre — cujo sistema bancário depende muito de clientes russos — “não está em posição de tomar medidas contra outros países que também são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas”. Luxemburgo, também conhecido como praça financeira internacional, decidiu não expulsar os poucos diplomatas que tem no território: “Quanto ao Luxemburgo, temos um número muito limitado de diplomatas russos e, apesar de todos os nossos esforços, não pudemos provar que nenhum deles era espião ou pessoas que trabalhavam contra os interesses do país”, disse o primeiro-ministro do país numa entrevista.
Malta protege-se com um argumento semelhante: o porta-voz do governo avançou que o número de diplomatas malteses em Moscovo é “muito pequeno” e que decidir expulsar era o mesmo que “terminar efetivamente as relações diplomáticas” com a Rússia. E a Bulgária segue-lhe o exemplo e argumenta que precisa de manter a neutralidade porque tem muitos negócios com o país liderado por Putín.
À semelhança da tomada de posição de Portugal, a Eslovénia também decidiu não expulsar diplomatas russos “em conformidade com a posição tomada pelo Conselho Europeu, que é quem deve determinar o que realmente aconteceu”. E a Nova Zelândia também confirmou que não expulsaria diplomatas russos porque não tem nenhuns que sejam perigosos para a segurança nacional.
Há dois países que ainda não tomaram decisões. “Neste momento, a Grécia não anunciou, nem tomou nenhuma decisão sobre a expulsão de diplomatas russos. A liderança do país está em uma situação difícil. Quaisquer medidas poderiam levar a agravamento das relações com a Rússia”, justifica Atenas. E a Eslováquia também se esquivou à tomada de decisões: “O desenvolvimento da situação, bem como a resposta da Rússia aos apelos que lhe são dirigidos pelos países da União Europeia, influenciarão os próximos passos que estamos preparados para considerar neste caso”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros eslovaco.
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