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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Adeus Lula

Ladrões de Bicicletas


Posted: 05 Apr 2018 11:31 AM PDT

O que está em jogo é também a capacidade inesgotável por parte das elites do país de fingir a indignação a fim de criar mais espaço para restabelecer os seus interesses e manter os seus privilégios intactos. Por isso, o problema do Brasil não é este conflito particular, antes o fracasso em lidar com os conflitos reais. Estes incluem o processo incompleto de abolição da escravatura, a desigualdade económica abissal e o apartheid racial e social que são debates inexistentes. Os governos de Lula e Dilma optaram por acomodar-se a estas estruturas históricas em vez de as enfrentar decididamente.
Eliane, Brum, jornalista brasileira
O juiz, ou Super Moro como é chamado pelos brasileiros, reacendeu as chamas de uma antiga tradição brasileira: o linchamento. Em vez de justiça, sempre mais lenta do que os pregadores do ódio gostariam, ele deu às pessoas que clamavam por sangue o que elas queriam. Mesmo sendo um linchamento moral, a imagem simbólica produziu resultados muito concretos, como as manifestações mostram.
Eliane Brum
Este não é apenas um momento de brutalidade extrema no Brasil. É também um momento de potências emergindo. E começos de alianças até então impensáveis. É preciso perceber onde estão as possibilidades - e fazer frente àqueles que, diante da democracia corrompida do país, avançam sobre os corpos humanos.
Eliane Brum
O perigo real aqui é o retorno duradouro a um estado oligárquico como o do Brasil no século XIX, no qual as rendas de uma economia de exportação relativamente estagnada eram distribuídas entre umas poucas famílias poderosas, enquanto a grande maioria era deixada de fora. Na versão contemporânea, em vez da escravidão, uma massa de desempregados sobrevive nas favelas à mercê de um estado policial repressivo. O patrocínio e o uso de empresas estatais para ganho pessoal aumentariam, e a justiça e os media teriam desempenhado o seu papel permitindo que organizações ilegais penetrassem no estado. O brasil tornar-se-ia mais um narco-estado no qual os cartéis da droga teriam um papel menor do que na Colômbia ou no México, mas onde uma extorsão similar seria obscurecida por uma fachada de legalidade sob as instituições oficiais. Seria a mexicanização do Brasil e a entronização do que tem sido descrito como a "ditadura perfeita".
Matías Vernengo, economista argentino

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