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quinta-feira, 5 de abril de 2018

Caso Skripal: o Reino Unido mentiu

Caso Skripal: o Reino Unido mentiu

05/04/2018 by João Mendes

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Há exactamente duas semanas, a 22 de Março, o Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico lançou o tweet que pode ser visto em cima, garantindo que a arma química usada para executar o espião Sergei Skripal em Salisbury era de fabrico russo. Curiosamente, ou talvez não, o tweet em questão foi posteriormente apagado. Como diria o outro senhor, “que passou-se”?

No mesmo dia, quase à mesma hora, e sem apresentar qualquer prova de que o regime russo estava por trás do assassinato, Theresa May instava os seus aliados a expulsar diplomatas russos, afirmando ainda que a ameaça russa não respeita fronteiras, o que é sempre muito interessante vindo da líder de um país que tem um longo historial de não respeitar fronteiras sempre que os seus interesses económicos possam estar em risco. Russos, britânicos, americanos, há hipócritas destes para todos os gostos. E hordas de palermas para os seguir.

Nem duas semanas depois, e já com a Europa em polvorosa a assistir à maior onda de expulsão de diplomatas russos de que há memória, somos confrontados com um novo dado, quando os “world-leading experts” de Porton Down, os tais que alguns dias antes asseguravam que o agente nervoso Novichok havia sido produzido na Rússia, confirmaram à Sky News que não é possível garantir que a arma química usada para eliminar Skripal tenha origem russa. Ora isto traz-me qualquer coisa à memória. O que será? Ah! Já sei: as armas de destruição maciça do regime iraquiano, que serviram de pretexto para invadir um estado soberano que está hoje infinitamente pior do que estava no tempo de Saddam, por mais incrível que possa parecer.

Não sei de que forma este novo dado irá afectar o circo montado por Theresa May, mas fico muito satisfeito por o governo português ter decidido não optar pelo papel servil e patético em que Durão Barroso nos colocou em 2003, arrastando o país para uma vergonhosa invasão, sem questionar a veracidade das provas que afinal não existiam. Porque, nesta fase, ainda corremos o risco de estar perante mais uma encenação, uma encenação à qual os interesses da indústria petrolífera, da banca internacional, do grande retalho ou do comércio de luxo continuam imunes. Porque a convicção destes tipos, sejam eles May, Macron ou Trump, termina sempre onde os interesses do grande capital começam. E o que seria da Premier League, da City londrina ou dos motoristas de limousine parados à porta do Selfridges sem o dinheiro sujo que a oligarquia putinesca vai extorquindo ao povo russo para encher os mais variados cofres por terras de Sua Majestade?

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