Translate

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Entre as brumas da memória


Centeno, o herói

Posted: 04 Apr 2018 10:09 AM PDT

«O cândido ministro da Saúde, num momento de romantismo exacerbado, veio garantir que no Governo actual "todos são Centeno". Ou seja, o seu coração não toma decisões.

Depois de emocionalmente ter decidido que haveria todas as razões plausíveis para dar dinheiro a algo, olha para as mãos e sente-se um replicante de Eduardo Mãos de Tesoura. Sabe-se que o dinheiro é escasso e tem de estar guardado para ir dando de alimento aos glutões bancários, e que é preciso pagar aos credores e estar nas boas graças de Bruxelas, mas a afirmação de Adalberto Campos Fernandes é mais vasta. Diz-nos, sem luvas de pelica, que as finanças são a ideologia do Governo. Tudo o resto são "paixões" (a educação, a cultura, e tantas outras coisas), e estas, como se sabe e vê, giram ao sabor do vento. Da mesma forma que a "austeridade" não desapareceu, apenas se transformou de sólida em gasosa. Campos Fernandes foi o megafone de uma política de melancia: por fora tudo é verdinho e promete doce, mas por dentro tudo sabe a dinheiro e é amargo.

Este fascínio por Mário Centeno estendeu-se até a Ana Catarina Mendes, que o quer com lugar cativo (eu cativo, tu cativas, ele cativa…) num próximo Governo. Não admira: Centeno é o herói stakanovista deste executivo. Com o seu lápis atrás da orelha e o papel pardo onde vai escrevendo os deves e os haveres, ele é o dono da solidez económica da mercearia. Sem ele, e com o apetite do PCP e do BE à solta, este modelo de governação teria implodido à primeira vicissitude. Centeno é um homem do aparelho do Banco de Portugal e fala a linguagem dos mestres do rigor de Bruxelas e Frankfurt. Não discute emoções: faz equações e somas de sumir e subtrair. Centeno é a guarda pretoriana de António Costa. E por isso tanta reverência, tanto amor, tanta devoção a um mestre das Finanças. Nada que surpreenda. Portugal parece gostar, há muito, de quem cuide das finanças. Porque vê, demasiadas vezes, demasiadas mãos largas a lidar com o dinheiro público.»

Fernando Sobral
.

Ronaldo

Posted: 04 Apr 2018 05:40 AM PDT

Bem explorado, o golo do Ronaldo pode durar até ao Verão, apagar todas as tristezas, fazer baixar o défice, calar os artistas e pôr todos os portugueses a cantar que são Centenos.

.

50 anos sem Luther King

Posted: 04 Apr 2018 02:09 AM PDT

Martin Luther King foi assassinado em Memphis, em 4 de Abril de 1968.

Um mês depois, em 4 de Maio, devia ter tido lugar, no salão de uma igreja de Lisboa, uma sessão em sua homenagem. Estava planeada a projecção do filme «Marcha em Washington», seguida de um debate orientado, entre outros, por Luís Lindley Cintra e José Carlos Megre.

Na véspera, a PIDE proibiu a sessão. Mas à hora marcada concentraram-se centenas de pessoas em frente da igreja de portas fechadas. Como em muitas outras ocasiões, tudo acabou com dispersão, à força, desta vez por agentes da polícia à paisana.

Foi depois elaborado, e amplamente distribuído, um folheto intitulado «Porquê?» com um breve relato dos acontecimentos. Terminava com uma citação do próprio Luther King:

Não vos posso prometer que não vos batam,
Não vos posso prometer que não vos assaltem a casa,
Não vos posso prometer que não vos magoem um pouco.
Apesar disso, temos que continuar a lutar pelo que é justo.

Era assim que vivíamos / tentávamos viver os grandes acontecimentos da História.

Sem comentários:

Enviar um comentário