Apresentação em Faro a 6 de abril
Posted: 03 Apr 2018 06:00 PM PDT
«Fazia falta um livro como este. Um livro que analisasse a economia portuguesa de um ponto de vista diferente do pensamento dominante na União Europeia. Um livro que respondesse e desmontasse várias das premissas a que esse pensamento dominante tem recorrido para sustentar a sua narrativa da crise. Um livro que nos dissesse que não foram os portugueses os culpados pelo pedido de ajuda internacional em 2011. Um livro que nos mostrasse que esta foi uma crise diferente, que a estrutura produtiva nacional não saiu fortalecida dela e que não nos devemos iludir com as bases em que assenta o crescimento de 2,6% em 2017. Enfim, fazia falta um livro como este, que contivesse uma análise global (económica, social...) dos efeitos da crise e que não se limitasse a olhar apenas para os resultados financeiros do programa de ajustamento. Este é um livro corajoso e imprescindível, para quem quer dispor de outro olhar sobre o que efetivamente aconteceu em Portugal desde o início do séc. XX - e deseja conhecer a resposta à pergunta crucial que José Reis coloca: para que serve um país pobre?»
Do prefácio de Nicolau Santos ao recente livro de José Reis, A Economia Portuguesa - Formas de economia política numa periferia persistente (1960-2017), que será apresentado em Faro na próxima sexta-feira, 6 de abril, por Adriano Pimpão, professor e ex-Reitor da Universidade do Algarve, e Hugo Pinto, investigador do CES (Coimbra) e professor na Faculdade de Economia da Universidade do Algarve. A sessão de apresentação realiza-se na FNAC de Faro, a partir das 21h30. Estão todos convidados, apareçam.
Posted: 03 Apr 2018 03:43 AM PDT
Do filme "Heat", de Michael Mann (1995)
Este não é um post, mas uma adenda ao artigo do João Rodrigues de hoje. É apenas uma chamada de atenção para uma questão altamente pertinente colocada pelo presidente do IPO de Lisboa, num bom artigo da Alexandra Campos, no Público de hoje.
Francisco Ramos alerta - mais uma vez! A anterior foi há quase dois anos! - para a urgência de regras de tratamento dos doentes com cancro que vêm do sector privado - "despejados" do sector privado - quando se acabou o dinheiro dos pacientes ou quando as companhias seguradoras deixam de pagar os cuidados dos pacientes com seguros privados.
O problema não é tratá-los. Mas é o facto de, como esses doentes em muitos casos já iniciaram tratamentos, não se lhes pode interromper esses cuidados e, por isso, havendo limitações orçamentais - impostas por uma filosofia económica estúpida e criminosa - têm de passar à frente dos doentes do Serviço Nacional de Saúde...
Este caso é exemplar das consequências da ausência de uma visão integrada dos problemas e do que dá a inércia de empurrar com a barriga os problemas conhecidos. Tudo para não fazer perigar desconhecidos equilíbrios. Neste caso, trata-se da separação de águas entre o sector privado e o público que importa ser feita e que está em discussão pública.
Francisco Ramos foi secretário de Estado da Saúde em diversos governos socialistas, de ministros como Maria de Belém Roseira, Correia de Campos, Ana Jorge. Talvez fosse pertinente perguntar-lhe o que impediu, nessa altura, de traçar esta separação das águas. O Partido Socialista tem de ter um pensamento próprio e entender que tem de fazer opções claras e transparentes, coerentes e visionárias. Porque não fazer opções, é uma opção que favorece alguns interesses, mas que fará pagar bem caro aos portugueses, mesmo com a própria vida. E em última instância ao próprio PS, a um PS que faça a diferença nesta sociedade, e à esquerda nacional.
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