03/04/2018 by Bruno Santos
Tem-se manifestado notável a vocação oracular da Direcção Geral de Saúde, facto que abre todo um novo mundo de possibilidades ao já amplo universo do conhecimento científico e recupera a esperança nos contributos que o esoterismo pode trazer às sociedades contemporâneas, estruturas complexas das quais vão emergindo problemas também mais complexos, como foi o mais recente surto dessa temível doença chamada Sarampo.
Graça Freitas, Directora Geral da Saúde, afirmou hoje numa audição pública ocorrida no Parlamento, a pedido do PCP e do PS, que “os cientistas estudam agora a possibilidade de vir a ser necessária uma terceira dose contra o vírus [do Sarampo]”. A responsável adiantou que tal conclusão científica “ainda não está escrita em lado nenhum”, mas que “acredita” que vai acontecer, porque “há muita gente” a estudar essa possibilidade.
O rigor científico das ilações premonitórias da Dra. Graça Freitas não deve ser confundido com as crenças não científicas da “gente” que “acredita” nos efeitos terapêuticos da oração, ou na importância de fluxos electromagnéticos com origem em zonas profundas do cérebro sobre o fenómeno da telecinesia. Está á vista – e toda a gente sabe – que são realidades totalmente distintas, pois radicam em pressupostos e tradições epistemológicas que não podiam estar mais distantes do ponto de vista da credibilidade e do rigor metodológico.
Aliás, o oráculo científico – e cheio de estudos – da Direcção Geral de Saúde, já produziu adivinhações cujo grau de exactidão supera o de qualquer relojoeiro suíço, como foi o caso – para dar apenas um – da Nota de Imprensa sobre o Sarampo – lembrando que pode ser uma doença grave – emitida pela DGS no dia 23 de Fevereiro de 2018, cerca de duas semanas antes do primeiro Comunicado, da mesma DGS, a dar conta da “notificação” dos primeiros 2 casos da doença e a declarar a existência de um “surto” (14 de Março de 2018).
Oracular, caro Watson.
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