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sábado, 14 de abril de 2018

Síria, 15 anos após as armas de destruição maciça que ninguém conseguiu encontrar no Iraque

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Publicado por João Mendes

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Fotografia: Associated Press

Passaram 15 anos desde a invasão do Iraque e as armas de destruição maciça do regime de Saddam, cuja existência Bush, Blair, Aznar e Barroso juravam poder provar factualmente, continuam em parte incerta.

Esta noite, Trump, May e Macron bombardearam um Estado soberano, em violação da Carta das Nações Unidas, do seu Conselho de Segurança e das mais elementares normas do direito internacional que norteiam as relações internacionais entre estados civilizados, partindo do pressuposto de que o regime de Assad terá usado armas químicas contra a sua população, sem, contudo, apresentarem ao mundo as provas irrefutáveis que afirmam ter. Tal como aconteceu em 2003, quando o Iraque foi invadido. Com todas as consequências que isso teve, da escalada da violência ao sólo fértil onde germinou o Daesh.

Hoje seria o dia em que os peritos da Organização para a Proibição de Armas Químicas entrariam em Douma, na Síria, para investigar o alegado ataque químico do regime. Porque não esperar mais uns dias antes de bombardear a Síria? Teriam Trump, May, Macron e restantes aliados e financiadores do sector militar e da construção receio que o alegado ataque não pudesse ser confirmado? Talvez. E isso seria um problema para os lucros de uns e para o financiamento das campanhas eleitorais de outros.

Porque será que isto acontece? Porque os EUA, Reino Unido e França estão preocupados com a segurança dos sírios inocentes que são vítimas do regime opressor de Al-Assad? Não deve ser. Se fosse por aí, não venderiam armas à Arábia Saudita. Acontece porque o Ocidente quer mostrar as garras à Federação Russa, principal aliado da Síria, apesar de não mexer uma palha para incomodar minimamente o dinheiro sujo que os oligarcas amigos de Putin fazem circular através dos bancos, sector imobiliário ou clubes de futebol europeus, apenas para dar alguns exemplos. E talvez aconteça, quem sabe, para condicionar a instalação de gasodutos que, em muitos casos, precisam de uma Síria alinhada e servil para chegar à Europa.

No meio de tudo isto, Putin aproveita para fazer o papel do moderado e o Daesh exulta, de Corão e Ak-47 na mão, perante o enfraquecimento do regime sírio, que, opressor ou não, tem causado danos profundos na organização terrorista. A factura, essa, será paga pelos suspeitos do costume. E depois ficamos muito admirados porque milhares de desgraçados decidem arriscar a vida num barco de borracha para fugir para a Europa que anda há décadas a bombardear e a financiar guerras no Médio Oriente.

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