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segunda-feira, 21 de maio de 2018

Entre as brumas da memória


Última mensagem de António Arnaut: “A destruição das carreiras foi o rombo mais profundo no SNS”

Posted: 21 May 2018 10:42 AM PDT

«Foi convidado a estar presente no III Congresso da Fundação Para a Saúde SNS, que se realizou em Coimbra, no final da semana passada, mas não conseguiu. Na última sexta-feira, dia 18, deixou uma mensagem aos participantes do congresso. No dia seguinte foi internado no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. António Arnaut morreu nesta segunda-feira, aos 82 anos.

A última mensagem do antigo ministro dos Assuntos Sociais e responsável pela lei que em 1979 criou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi em defesa do serviço público, mas também um alerta aos desafios difíceis que o SNS enfrenta.

“Como todos sabemos, os meus amigos como profissionais e eu como utente, o nosso SNS atravessa um tempo de grandes dificuldades que, se não forem atalhadas rapidamente podem levar ao seu colapso. E tudo em consequência de anos sucessivos de subfinanciamento e de uma política privatizadora e predadora resultante da Lei 48/90, ainda em vigor, que substituiu a lei fundadora de 1979. A destruição das carreiras depois de tantos anos de luta, iniciada em 1961, foi o rombo mais profundo causado ao SNS”, escreveu António Arnaut na sua mensagem.

A Lei 48/90, que criou a actual de Lei de Bases da Saúde, está num processo de revisão. António Arnaut, em conjunto com o médico e ex-dirigente do Bloco de Esquerda João Semedo, foi o motor do processo, ao apresentar uma proposta de revisão da legislação. No livro Salvar o SNS, os dois propõem o fim das parcerias público-privadas e das taxas moderadoras. E foi depois de ter sido questionado no Parlamento sobre esta iniciativa que o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, anunciou a criação de uma comissão, liderada por Maria de Belém Roseira, para apresentar uma proposta de revisão da Lei de Bases da Saúde.

Na mensagem que enviou ao congresso, o “pai do SNS” disse, sem rodeios: “Sem carreiras, que pressupõem a entrada por concurso, a formação permanente, a progressão por mérito e um vencimento adequado, que há muito defendo seja igual aos dos juízes, não há Serviço Nacional de Saúde digno deste nome. A expansão do sector privado, verificada nos últimos anos, deveu-se a esta desestruturação e ao facto de a Lei 48/90 considerar o SNS como um qualquer subsistema, presente no ‘mercado’ em livre concorrência com o sector mercantil. É a filosofia neoliberal que visou a destruição do Estado social e reduziu o SNS a um serviço residual para os pobres.”

“É preciso reconduzir o SNS à sua matriz constitucional e humanista”, advogou, considerando que há agora “condições políticas e parlamentares” para o fazer. “A realização de iniciativas como este congresso são uma forma legítima e democrática de chamar a atenção do Governo para que cumpra o seu dever”, acrescentou.

Arnaut terminou a mensagem ao congresso dizendo esperar que a discussão pudesse resultar num “contributo substantivo em defesa da consolidação do SNS, para que nos 40 anos desta grande reforma possamos todos voltar a ter orgulho no nosso SNS”.»

Ana Maia
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Já somos todos chineses e futeboleiros

Posted: 21 May 2018 07:03 AM PDT

Cristiano Ronaldo é o novo embaixador da fabricante chinesa de automóveis WEY.

«Cristiano Ronaldo expressou estar ansioso por cooperar com a empresa chinesa desde que tomou conhecimento da mesma, acrescentando que “o VV7 demonstra o poder da marca chinesa de veículos. Esta é a primeira vez que sou embaixador de uma marca chinesa de luxo. Espero que minha cooperação com a Wey traga mais surpresas aos fãs de futebol chineses”.»

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A idade do populismo

Posted: 21 May 2018 03:37 AM PDT

«Desde há muitos anos que o Sporting se assemelha a uma guilhotina. Não era este "haraquíri" sucessivo que os adeptos ou os Cinco Violinos esperariam para o devir do clube.

Mas, de erro em erro, o Sporting deixou de ter tempo. Não tem nem vitórias e o dinheiro é emprestado ou perdoado. Tem agora uma assombração a vaguear pelos camarotes de Alvalade: um presidente que não se demite. Sabe-se que a história se repete sempre como farsa. E, se recordarmos, a carreira de Benito Mussolini começou em Itália quando conquistou os adeptos dos estádios de futebol. Berlusconi aprendeu a lição. E agora o Estado democrático defronta-se, pela primeira vez, com um populista a sério: Bruno de Carvalho. Isto porque o problema já deixou de ser clubístico: é político. As ameaças de Bruno de Carvalho (processar o presidente da Assembleia da República e criticar Marcelo) mostram o caminho minado por onde se corre. Sem nada a perder, tem uma estratégia: a culpa é dos outros, dos inimigos internos e dos políticos. Desde o início que o seu discurso era claramente populista, mas só se aplicava ao futebol. Agora chegou ao nível seguinte: ao disparar sobre os políticos, Carvalho está a criar o primeiro movimento populista de características futebolístico/políticas de que há memória em Portugal. Tem um exército atrás, que o venera, como já se viu.

A resposta do Estado democrático tem de ser célere. Tem para isso de cortar radicalmente a cumplicidade e promiscuidade que tem permitido aos dirigentes de clubes e claques agir impunemente. A violência latente nos estádios de futebol, e no ambiente mediático à sua volta, era visível mas o Estado esquecia-se de ver isso. Basta olhar para o número de políticos que têm saltitado pelas estruturas do futebol para se perceber esta vergonhosa promiscuidade. Agora o Estado defronta-se com um populista que pode partir para a conquista do coração de todos os que estão revoltados contra o Estado e o país. Cercado, com os seus fiéis, Bruno de Carvalho ainda tem muita força. O seu discurso soa a música em ouvidos carentes.»

Fernando Sobral

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Não é montagem - confirmado por quem viu

Posted: 20 May 2018 03:47 PM PDT

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