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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Bruno de Carvalho, O Grande

Estátua de Sal  por estatuadesal

(Nuno Godinho de Matos, 25/05/2018)

Bruno_de_Carvalho_By_Bruno_Sousa

A classe dirigente nacional, urbana, sediada nos grandes centros, como Lisboa e Porto, desde Madame Thatcher e Ronald Reagan, adoptou, com fé, convicção, zelo, militantismo e sistematicamente, os valores de gestão praticados nos USA. Traduzidos para português, por Anglo-Saxónicos, dado serem uma expressão do mais elevado grau educacional, que recordam a aristocrática e loira “Albion” e não a América resultado do labor de emigrantes Irlandeses, mal educados e consumidores de cerveja, em doses ausentes de moderação.

Valores esses que se resumem a:

Regra de ouro: 1.ª) precariedade no emprego, se possível, a recibo verde;

2.ª) “Up or out” – ou sobes ou vais para a rua e lixa-te!

3.ª) “either you invoice, or out”. ou facturas e cobras ou vais para a rua e lixa-te.

Esta trilogia que, nas reuniões de “governance” das “corporations”, substitui a Santíssima Trindade, nunca é assumida, devido à sua chocante brutalidade e por isso é traduzida pela perífrase: “regras de gestão e racionalidade na tomada de decisões”.

Isto por que, as pessoas educadas e de bem nunca usam termos, ou expressões que revelem o seu egoísmo e a sua subordinação a um único valor: o ganho, o lucro, a facturação eficazmente cobrada.

Aliás até pagam, para que outros lhes proporcionem serviços de solidariedade social; a fim de, quando necessário e se necessário, poderem invocar e citar essas prestações de preocupação com os “pobrezinhos e desvalidos”.

Isto é. Traduzido em português corrente, nas organizações que praticam os métodos de gestão decorrentes dos belos princípios de Reagan pai, segue-se a metodologia: ou produzes e dás lucro ou vais-te embora e trata da tua vida que estás a mais.

O Grande Bruno de Carvalho, seguindo os princípios atrás expostos, aplicou esta “metodologia de direcção, gestão e condução de empresas”, ao clube de “pontapé na bola” da elite nacional, prestando-lhe um grande serviço, para seu imenso prazer e satisfação. Para o comprovar basta ver quem o acompanha, nas fotografias públicas, até há dois meses atrás.

Sucede, porém, que Bruno de Carvalho, “o Grande”, depois de praticar estes princípios durante anos, quando confrontado com as desapropriadas discordâncias do mal educado do treinador e de alguns jogadores, influenciados pelo primeiro, decidiu pensar pela sua cabeça e aplicou uma outra regra que, os seus bem pensantes mentores, convictos adeptos da Loira Albion, igualmente, lhe ensinaram, segundo a qual: “The most important is to hold on and pursuit.” Ou, como diria Salazar, responsável pela divulgação da regra, no todo nacional, “il faut tenir”.

E, aí, dado ser uma pessoa com deficiências educacionais, isto é, dado, ser um principiante na prática da hipocrisia, característica dos dirigentes bem pensantes e colocados em lugares de direcção, pensou que o melhor seria contratar uns jagunços e mandar distribuir uma carga de pancada sobre os seus opositores, para resolver a questão, mostrando quem manda.

O individuo em causa cometeu um único erro: ter-se esquecido que, quando se opta por um caminho formal e substancialmente ilegal, mandam as regras de gestão praticados na América do Norte (ai, perdão) Anglo-Saxónicas, que jamais se deixe rasto, assinatura, ou qualquer possibilidade de identificar o mandante.

Ele foi grosseiro e, em vez de escolher uma tribo de ciganos, vinda do estrangeiro e imediatamente a seguir exportada, para outro território, com outro governo soberano, para praticar os desacatos, socorreu-se da “Juve-Leo”.

Naturalmente, como dois mais dois são quatro, toda a sociedade nacional compreendeu o que tinha sucedido.

Contudo, realmente ele não é um facínora. Ele é um escrupuloso seguidor das muito Nobres e Distintas regras de gestão seguidas na América do tio Reagan, peço desculpa, regras de matriz Anglo-Saxónica, só que, ainda, com pouca educação e deficiente prática da hipocrisia, com a qual se gerem os interesses.

Ele, a quem estava destinada uma estátua, a ser colocada, exactamente no Marquês de Pombal, com o pé sobre o Leão, retirando da mesma o tolo do Iluminista (o qual mandou cortar algumas cabeças, mas, no Século XVIII, os primeiros ministros podiam ordená-lo aos tribunais) acaba por ser destituído, arrasado e destruído, sendo, agora, repete-se: agora e somente agora, tratado por toda a classe dirigente, educada, bem pensante, de boas famílias e melhores relações, como um facínora.

Passou de herói, a vilão, homem a abater, esquecer e condenar às profundezas do opróbrio. E isto, somente, por não saber aplicar a dose de hipocrisia necessária ao triunfo e não ter sabido aconselhar-se com quem lha podia ensinar.

Agora que se destruiu a si próprio, aplicando os critérios daqueles a quem serviu durante anos, é fácil cuspir-lhe em cima. Só que, o acto de lhe cuspir na cara, neste momento, não revela, nem grande coragem, nem grandes princípios. Revela, como sempre, a singela, real e Santa Madre: hipocrisia.

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