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domingo, 1 de julho de 2018

Santana “Flopes”

Rodrigo Alves Taxa29/06/2018

Rodrigo Alves Taxa


opiniao@newsplex.pt
 

Seria bom que Santana Lopes e outros da sua geração compreendessem que a melhor forma que têm de lutar pelo país é saberem sair de cena

Bem, antes de mais e, por incrível que possa parecer dado o título deste artigo, devo em nome da honestidade pessoal confidenciar que tenho simpatia por Pedro Santana Lopes. Pode-se não concordar com algumas das opiniões ou posições políticas do seu trajeto. Eu próprio discordo de algumas. Mas ainda assim, na generalidade, pelo seu estilo afável, educado, culto e, sobretudo, por ter uma postura muito terra-a-terra com as pessoas, diria que é difícil não simpatizar com Santana Lopes.

Por outro lado, é um homem com um currículo vastíssimo. Muito jovem, recém-licenciado, já era adjunto do ministro Monjardino, trabalhou de perto com Sá Carneiro como seu assessor jurídico, foi secretário de Estado com Cavaco, foi presidente de câmara, ainda que sem boas recordações, foi até primeiro-ministro. Enfim, tem para todos os efeitos um percurso notável, havendo até em tempos quem sobre ele tenha dito que por tudo isto já estava num plano de senador. Chega a fazer sentido, pois efetivamente Santana Lopes é dos que, novamente, ainda que se concorde mais ou menos com o que diz, não enfada ninguém. Porém, se o que até aqui se escreveu representa um traço de personalidade que muito favorece o mencionado, há realmente outro que ao longo dos anos o tem prejudicado e, esse sim, aborrece. Em tudo na vida há que saber entrar, estar e sair.

Pedro Santana Lopes dominou desde muito novo o primeiro momento, soube depois com altos e baixos ir sobrevivendo ao segundo, mas, lamentavelmente, não consegue aceitar o terceiro. E é por isso que injustamente, nalguns setores da sociedade, repito, injustamente, é por vezes alvo de certos comentários jocosos como sendo o “homem que vai a todas e não ganha uma”, o Santana “Flopes” etc., etc. Exemplificativo do que se vem escrevendo sobre a sua incapacidade de compreender que saber sair não é uma derrota, mas antes uma virtude, foi o que, alegadamente, esta semana veio afirmar, dizendo que, e cita-se, “a minha intervenção política não se fará mais dentro do PSD. Isso acabou.

É uma relação que acabou”, ao que parece deixando no ar uma nova possibilidade de voltar ao ativo com um outro partido. A ser verdade, também isto não é novidade, pois ainda que nas últimas eleições para a liderança do PSD que disputou tenha tentado abafar e fugir ao assunto, creio que já em 2011 tinha aparecido com a mesma ideia. Depois, ao que parece, disse ainda Santana que, e cita--se novamente, “não desisti, nem desisto, de lutar pelo meu país. Tenho de ver qual é o melhor modo de eu contribuir para lutar pelo meu país”.

Ora, até aqui, tudo bem outra vez. Mas seria bom que Pedro Santana Lopes e muitos outros da sua geração compreendessem, por muito competentes que tenham sido, e muitos foram, que a melhor forma que têm de lutar pelo país é saberem sair de cena, dando espaço a que outros mais novos apareçam. Saiam da ribalta, e se ajudarem esses mais novos com a sua experiência, aí sim, estão a ajudar o país.

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