Novo artigo em Aventar
por j. manuel cordeiro
No mundo observador de Passos e sus muchachos, onde a «convicção de que os “privados gerem melhor que o Estado”» é todo um programa político, a EDP foi vendida aos chineses não apenas porque faltava dinheiro, mas também, ou sobretudo, até, porque a convicção de que os privados gerem melhor que o Estado é um programa político por si mesmo.
Portanto, os imensos milhões de lucro gerados pelo gestor de topo António Mexia, desses que gerem melhor do que o Estado, estão a resolver num ápice os problemas causados pela tempestade Leslie sobretudo em um distrito, certo?
Errado.
A EDP Distribuição está ainda a contabilizar os danos que a tempestade Leslie provocou na rede elétrica na região Centro do país e o alcance dos prejuízos, mas uma coisa é certa: à luz dos regulamentos do sector elétrico, estes danos devem ser pagos pelos consumidores. [Expresso]
O Exército, através da Proteção Civil, acaba de ser mobilizado para ajudar a EDP Distribuição a repor o abastecimento de eletricidade nas 100 mil habitações do distrito de Coimbra que ainda não têm energia por causa do furacão Leslie. [Expresso]
Além de recorrer a meios públicos, que não vai pagar, a EDP Distribuição ainda tem a ajuda da propagada para preparar a apresentação da factura aos consumidores. Assim, não fica difícil gerar lucros milionários e gerir melhor do que bla bla bla.
Estas coisas não acontecem por acaso, no entanto. E têm rosto. Peçam-se contas, por isso, ao ex-ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, e ao seu ex-secretário de estado da energia, Henrique Gomes, pela rica merda que fizeram ao terem entregue a nacionalização desta empresa ao Estado chinês, sem que o interesse nacional estivesse salvaguardado.
Assinatura da venda da EDP à China Three Gorges
Nota: a propósito de Henrique Gomes e da EDP, é de ler esta muito esclarecedora entrevista ao Jornal Económico, em Junho de 2017.
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