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sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Brasil, Brasil

Entre as brumas da memória


Posted: 07 Nov 2018 03:12 PM PST

Deixo para mais tarde descrições turísticas do dia de hoje, porque muitos me pedem impressões no campo político. Antes de mais, que fique claro que três dias em viagem de passeio não chegam para se ter qualquer opinião consolidada. Em todo o caso, aí vão umas pinceladas.

Ontem assisti, na TV, ao último minuto de uma declaração que Moro fez para justificar a aceitação do cargo de ministro da Justiça. Seguiram-se três comentadores, com ar sereno e formal, que resumiram o que Moro dissera, sem qualquer crítica ou distanciamento, frisando aliás que o facto de ele levar para o ministério várias pessoas dos tribunais constitui uma garantia de competência reforçada. Passou-se para a Economia e dois especialistas explicaram (também sem a menor reserva, didaticamente), o que Paulo Guedes vai fazer: usar o dinheiro das privatizações para diminuir a dívida («Não tenham medo, não vai haver nenhuma reestruturação») e reformar a segurança social. A mensagem do conjunto das intervenções era clara: estes dois ministros são a cara de um governo que vai ser competente.

Esta manhã, tomei o pequeno-almoço com duas brasileiras de 30 e tal ou 40 anos, desempoeiradas, funcionárias públicas. Nenhuma votou Bolsonaro «que é um doido», optaram pelo voto nulo. Teriam escolhido sem hesitação Lula, mas não Haddad. Não só porque foi um mau candidato, mas sobretudo pela vice, Manuela d’Ávila, «essa extremista louca». No meio disto tudo, em quem depositam grande esperança: no ministro da Economia. Quando lhe expus as minhas reservas, concordaram plenamente, até por saberem que, como funcionárias públicas, serão «vítimas». Mas se o homem endireitou a economia do Chile sem ser chileno, certamente que salvará a do seu país. Elas foram trabalhar e eu desejei-lhes felicidades…

Em suma: tenho a sensação (provisória…) de que, acabada a guerra da campanha eleitoral, esta gente agarra-se seja ao que for e que isso passa, principalmente, por acreditar na mensagem que está a ser subliminarmente transmitida: vem aí um bom governo, para muitos apesar de Bolsonaro – que, afinal, só teve 1/3 dos votos dos eleitores…

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