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terça-feira, 20 de novembro de 2018

Entre as brumas da memória


Levante o braço quem nunca recorreu ao dr. Google

Posted: 19 Nov 2018 01:30 PM PST

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É ouro, senhores

Posted: 19 Nov 2018 10:02 AM PST

«Chegar à União Europeia não é igual para toda a gente, já se sabe. Em vários países da União Europeia - treze mais em concreto - ter dinheiro é condição de porta aberta. Já se o assunto for fugir à morte ou procurar trabalho, a conversa é bem diferente. O caso a que me refiro é o dos vistos gold. Portugal integra a lista de países com práticas mais questionáveis a este respeito. Não sou eu quem o diz, os dados vêm do Consórcio Global Anticorrupção e da Transparency International.

Corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado são apenas algumas das práticas que se vinculam a estes esquemas, que em Portugal foram introduzidos em 2012 a pretexto da necessidade de investimento estrangeiro e da criação de emprego. Não é preciso saber de onde vem o dinheiro, basta que ele chegue. Da mesma maneira, não é preciso criar muito emprego, basta fingir.

Nesta semana voltámos a ter novidades sobre estes esquemas e a fotografia não melhorou. No caso de Portugal basta um investimento a partir de 350 mil euros e residir no país durante uma semana no primeiro ano e duas semanas nos anos subsequentes para se ter acesso direto ao direito de residência e, assim, circular livremente em todo o espaço Schengen. É imoral e facilita todo o tipo de corrupção.

Desde 2012 e até janeiro de 2018 tinham sido emitidas 5717 autorizações de residência em Portugal, aos quais se juntaram 9559 ao abrigo da reunificação familiar. Estas autorizações são renovadas a cada dois anos. Se o investimento é necessário - e sobre isso não há dúvidas -, o esquema definido para obtê-lo é altamente questionável. Sem transparência - até agora nunca foi publicada a lista de beneficiários -, sem controlo da origem do dinheiro e com elevadas suspeitas de corrupção, estamos longe de poder dizer que o investimento compensa o mal que faz. Há algum tempo, numa entrevista, a minha colega deputada Ana Gomes respondia assim a uma pergunta: "Se tudo for justificado pelo benefício económico, então entremos diretamente no negócio das drogas." Ana Gomes tem razão. Não há nada que nos garanta que este esquema não esteja a promover lavagem de dinheiro e evasão fiscal em grande escala. Não será por acaso que vivem em Portugal, através deste esquema, alguns dos principais suspeitos na Operação Labirinto, que trata precisamente de corrupção e do tráfico de influência ligados aos vistos gold.

No relatório recentemente apresentado no Parlamento Europeu há um apelo ao fim dos vistos gold no espaço europeu. A própria Comissão Europeia já alertou para os problemas de segurança que estes esquemas podem trazer para o espaço Schengen. Às autoridades nacionais exige-se que publiquem todos os dados e que tomem a iniciativa de pôr fim aos vistos gold.

Há muitas áreas em que se vê a política de dois pesos duas medidas no espaço europeu, mas esta é uma das mais gritantes e imorais. A quem tem dinheiro tudo é permitido. A quem procura salvar-se tudo é negado. A complacência com os vistos gold contrasta com a desumanidade face a migrantes e refugiados. Não é tarde para lidar nem com uma nem com outra.»

Marisa Matias

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Nova sondagem

Posted: 19 Nov 2018 07:01 AM PST


Boas notícias: PS bem longe da maioria absoluta, a direita pelas ruas da amargura.

«A intenção de voto no PS caiu este mês para 37,8%, uma baixa de um ponto percentual face a outubro, revela o barómetro da Aximage. Os socialistas mantêm-se, ainda assim, à frente da sondagem, seguidos pelo PSD, que é a escolha de 26,4% dos inquiridos (mais 2,4 pontos do que há um mês). O Bloco de Esquerda mantém-se estável nos 9,1%, enquanto que CDS e CDU caem, respetivamente, para 7,7% e 6,2%.»

«Entre os líderes partidários, é Catarina Martins - Bloco de Esquerda - que está agora na frente com 11,1 pontos. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, surge com 10,4 pontos, logo atrás de Costa, enquanto que a presidente do CDS, Assunção Cristas, recebe uma nota de 8,5.»

Ler mais AQUI.

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No, Minister!

Posted: 19 Nov 2018 03:23 AM PST

«A Grã-Bretanha sempre desconfiou da Europa e esta nunca confiou em Londres. Está tudo exemplarmente descrito num velho episódio de "Sim, Sr. Ministro".

Nele, o secretário permanente Sir Humphrey diz: "Ministro, a Grã-Bretanha tem a mesma política externa há pelo menos 500 anos: criar uma Europa desunida. Por isso lutámos com os holandeses contra os espanhóis, com os alemães contra os franceses, com os franceses e italianos contra os alemães e com os franceses contra os alemães e os italianos. Dividir e reinar. Porque é que iríamos mudar agora, se correu tão bem?" Jim Hacker fica perturbado e Humphrey continua: "Tínhamos de destruir essa coisa, a CEE, e por isso tivemos de entrar nela. Tentámos quebrá-la do exterior, mas isso não funcionou."

Mesmo não entrando para o euro e, com isso, impedindo que, com a força do petróleo do mar do Norte, a moeda europeia fosse uma alternativa global ao dólar, a Grã-Bretanha não conseguiu quebrar o sonho hegemónico europeu de Paris e Berlim. Agora depara-se com a mais temível consequência da sua estratégia: a Europa uniu-se para humilhar o Reino Unido e este entrou em clima de guerra civil. Todos estão contra todos: tories contra tories, trabalhistas contra tories, escoceses contra ingleses, londrinos contra quem não é da capital. Para dividir ainda mais as hostes, a fronteira irlandesa é uma enxaqueca sem fim.

Este já não é um dilema de Hamlet, entre ser ou não ser. É entre ser sem o parecer. As tropas do Brexit, com Jacob Rees-Mogg à frente, parecem a carga da brigada ligeira: conduzem um país essencial à Europa para o suicídio. A Europa, extasiada e incapaz de perceber as consequências catastróficas da humilhação de Londres, prepara a espada para o haraquíri. O Reino Unido era fundamental para equilibrar as tentações de liderança de Berlim e os arrufos de Paris. Agora, se Theresa May cair, é expectável o caos no Reino Unido: não há um líder alternativo para unir, apenas grupos para desintegrar o que ainda existe. Sir Humphrey há-de regressar um dia para explicar que estratégia há para a política interna britânica.»

Fernando Sobral

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