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sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Entre as brumas da memória

O Governo não sabe o que é o direito à greve?

Posted: 22 Nov 2018 01:43 PM PST

Deputados retirados pela polícia do porto de Setúbal pedem explicações ao Governo.

«Os dois partidos da esquerda parlamentar enviaram já perguntas formais aos ministros do Mar e do Trabalho. Os comunistas querem saber qual foi o papel e que conhecimento teve o Governo, através destes dois Ministérios, nas "movimentações realizadas com vista à substituição dos estivadores em luta no porto de Setúbal". Querem, nomeadamente, saber se foram "utilizados meios do Estado" nessas operações e conhecer as medidas que o Executivo pretende adotar no combate à precaridade num setor de actividade em que a larga maioria dos trabalhadores (90%, no caso de Setúbal) não tem vínculo contratual.

Já o Bloco de Esquerda usou a possibilidade parlamentar de questionar o Governo para apurar em que "condições foi feita a contratação de trabalhadores substitutos". Pretendem ainda saber "qual a justificação para que dezenas de elementos da Unidade Especial de Polícia tenham dado cobertura a esta operação" e questionam o Executivo sobre a sua disponibilidade para, "de imediato, promover uma reunião de urgência entre as partes" com o objetivo de encontrar uma solução para o Porto de Setúbal "que passe pelo reconhecimento dos vinculos laborais dos trabalhadores".»

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O país do desenrasca

Posted: 22 Nov 2018 08:09 AM PST

«Quando cai aos trambolhões do céu uma crise que todos esperavam, mas que ninguém julgava que pudesse acontecer durante o seu mandato, os políticos e os responsáveis utilizam várias tácticas ensinadas pelos irmãos Marx. Uns, como Chico, dedicam-se a jogar cartas e a tocar piano só com a mão direita (porque nunca aprenderam a fazê-lo com a esquerda). Outros fazem como Groucho: são quimicamente puros, pegando em charutos enquanto falam sem dizer nada; alguns são angelicais como Harpo, só movem os lábios e em vez de falar usam uma buzina para se exprimirem. Quem está na plateia habituou-se ao jogo das aparências: habituados à ética do cinema somos quase incapazes de imaginar heróis complexos. Queremos que os maus sejam maus e os bons trabalhem durante 24 horas sem tempo para descansar ao domingo. Por isso nem actores nem espectadores conseguem já suportar a realidade: os pecados repartem-se por todos, mas ninguém quer assumir os seus. Como a obesidade ou a celulite, a culpa é hoje um conceito relativo.

Em Portugal, como já muitos disseram, a culpa é uma solteirona, como se dizia antigamente. Não casa com ninguém. Olha-se para a estreita estrada municipal (outrora nacional), num equilíbrio instável entre pedreiras, e julga-se estar a assistir a uma imagem da Lua ou de Marte. Não é: fica ali, junto a Borba. A estrada era uma equilibrista: lutava para não cair, sem rede por baixo. Mas não estávamos num circo, ou julgávamos não estar. Como sempre acontece em Portugal ninguém viu, ninguém tomou decisões, ninguém fez vistorias, ninguém interditou. Todos sabiam e ninguém sabia. Agora que o desastre anunciado aconteceu, com mortos à mistura, prometem-se inquéritos rigorosos. O costume. É esta a fragilidade do nosso país: desenrascamo-nos. Fazemos isso com a dívida pública e privada, com o estacionamento, com os negócios, com os aeroportos, com as alas pediátricas. Esperteza saloia e desenrascanço. Até que batemos com a cabeça na parede e ficamos com um galo. Mas depois esquecemos. E tudo volta à velha fórmula.»

Fernando Sobral

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Brexit? É isto

Posted: 22 Nov 2018 06:22 AM PST

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Estivadores e vergonha numa manhã de nevoeiro

Posted: 22 Nov 2018 03:43 AM PST

Estivadores foram retirados um a um pela polícia de choque.

Se este país se encher algum dia de coletes amarelos, como em França, tentem arrastá-los um a um, como fizeram hoje aos cor de laranja, e verão o trambolhão que apanham.

(E Marcelo? Já foi a Setúbal confortar os estivadores?)

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