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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Está no seu ADN

Opinião

António José Gouveia

Ontem às 00:02

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  • Tribunais, investigações, mandados, buscas, crimes, terrorismo, sequestro. Todas estas palavras estão ligadas, de alguma forma, ao futebol e aos clubes portugueses. Tem sido assim ao longo de décadas e já se pode dizer que, infelizmente, está impregnado no seu ADN.

    O futebol tem tanto de apaixonante e vibrante como de fazer ressurgir os sentimentos mais primitivos. Todos os casos à volta deste desporto, desde os e-mails, do e-Toupeira, do Mala Ciao, do ataque de um bando de homens das cavernas aos jogadores do Sporting e, mais recentemente, do alegado envolvimento do ex-presidente Bruno de Carvalho, só vêm provar que é necessária uma revolução no futebol português. Os principais culpados nem são os dirigentes. Esses fazem o que lhes é permitido pelos adeptos, pelos patrocinadores ou pelas autoridades que deveriam zelar por uma indústria que já é bastante relevante em Portugal. Enquanto os adeptos não castigarem os seus dirigentes pelos alegados atos ilegais, estes vão sempre assumir que o clube são eles e eles o clube. A postura dos sócios e adeptos de cada vez que há razões para investigações, mandados, buscas ou crimes é a de culpabilizar o rival colocando no pedestal do Olimpo aqueles que prevaricaram ou até que prejudicaram gravemente o clube. Ponham os olhos na Liga Inglesa. Fala-se de tudo dentro e fora das quatro linhas, mas raramente de escândalos semelhantes aos que se passam neste retângulo da Península Ibérica. Mas as "culpas" também são repartidas por quem organiza os campeonatos e por leis que são feitas para serem laxistas, ultrapassáveis e até esquecidas. É um cenário negro e mesmo assim consegue mover multidões. É só essa a razão por que existem ainda patrocinadores que apostam no futebol. E mesmo esses vão rareando. A não ser aqueles que, para o seu negócio, estão dependentes de um dos conteúdos mais apetecíveis.

    Editor-executivo

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