por estatuadesal
(Virgínia da Silva Veiga, in Facebook, 20/11/2018)
Não sei nem consigo saber o que querem exactamente os senhores juízes. Não discuto - e peço para que se não discuta aqui, não é o tema -, se a greve é legítima ou deixa de ser, menos ainda que se insultem juízes na minha página.
Vamos ao que interessa que é tentar saber em concreto o que reivindicam.
Como imaginam, li e ouvi notícias, fiz uma série de telefonemas, fiquei na mesma: ninguém me soube esclarecer. Ninguém!
Comunicação social é o que podemos assistir: já sabemos tudo de geologia mas nada sobre este assunto, tratado pela rama. Obrigava a que alguém dissesse o que propõem, o que lhes tem contraproposto o governo, o que há assim de tão grave - porque é grave -, que faz com que representantes de órgãos de soberania ainda se não tenham conseguido entender quando são quem dá exemplo ao país.
Leio os mais variados disparates. Vindos de quem está de fora e de quem está por dentro, aqui, como em tudo, ressuscitando Sócrates como se o barómetro de uma sociedade seja o passado e não o futuro, como se o PS fosse um partido cuja filosofia seja amesquinhar Magistrados ou tirar-lhes direitos.
António Costa é advogado, a Ministra da Justiça Procuradora, e é o saber isto que torna para mim ainda mais inexplicável o que se passa.
Há um conjunto de perguntas que me faço e que, em verdade e em sentida inocência da ignorância, são as que, na falta de dados, coloca qualquer cidadão.
Percebe-se quererem um estatuto remuneratório que aumente o leque salarial entre as três instâncias. Percebe-se bem: se não pode ser à custa de baixar os de primeira, tem que ser com aumentos aos desembargadores e conselheiros. É justo.
Mas fala-se, com a tal ciência a que os jornalistas nos estão a habituar, de irem ganhar mais que o Primeiro-Ministro, e isto já mereceria completa explicação, mais não seja por implicar uma distorção a obrigar, reflexamente, a alterações no estatuto remuneratório dos governantes, nada que me preocupe, mas que, como se sabe, é das matérias sociais mais sensíveis.
Fala-se de não quererem dependência do Conselho Superior da Magistratura e, então, estamos para saber, como será feita a respectiva regulação de comportamento adequado ao Estatuto. Ninguém explica.
Diz-se também não que querem utilizar as respectivas viaturas. Nas deslocações para inspecções já não as usam, então trata-se de quê em concreto? Porque, a a ser verdade, ninguém está a ver ser para deslocações entre locais de trabalho que se vai criar mais uma frota automóvel, com todos os custos que acarreta, incluindo manutenção e seguros. Não é isso. É mais uma vez algo que nos escapa porque, facto é, não sabemos.
Ontem terá havido uma reunião de alto nível onde terão chegado a acordo, Governo e representantes de Magistrados. Já haveria consenso. Pelos vistos não há confiança mútua nas palavras dadas e aguarda-se redução a escrito. De quê? Nenhuma das partes disse.
Do que vejo, também ninguém lhes pergunta, nem a uns, nem a outros.
E dizem mal do Prós e Contras da RTP. Ainda é o único programa que poderia trazer o esclarecimento que evitaria que hoje, nos telefonemas que fiz, ninguém fizesse a menor ideia, excepção aos superficiais comentários de Facebook.
(Por mim, depois de tantas tentativas para saber o que se passa, demito-me. Se alguém houver que saiba e quiser telefonar, ainda aceito ouvir. Ou fico como todos nós: o que for, há-de soar, como diz o Povo).
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