por estatuadesal
(Virgínia da Silva Veiga, 22/11/2018)
(O que se passou hoje em Setúbal devia envergonhar o governo de Portugal, um país democrático onde o direito à greve é constitucionalmente garantido. As empresas portuárias abusam do laxismo de fiscalização das entidades competentes (ver texto explanando isso mesmo aqui), dos falhas da legislação e da conivência dos poderes públicos na hora da verdade, como se viu hoje.
Um aplauso para os deputados do PCP e do BE que fizeram questão de estar presentes, tendo também eles sido "removidos" pela polícia. É que na luta contra a precariedade as palavras não chegam. É preciso também actos que se vejam.
Comentário da Estátua, 22/11/2018)
Confesso: não tenho memória de coisa tão aviltante como aquele autocarro de luxo, cheio de carne desesperada, que alguém comprou ao quilo para fazer frente a menos de uma centena de estivadores cheios de razão.
Dói.
O governo anterior vendeu o controlo portuário. Este manda a polícia.
Sei que face a desacatos a polícia tem que intervir, mas é o caso mais atroz a que o regime democrático já assistiu.
As nossas exportações estão em causa. Não me parece que estes assuntos se resolvam à moda do Estado Novo num episódio único: quem não viveu o Estado Novo pode , aliás, ver com o exemplo de hoje como faziam, como actuavam.
Se os estivadores tivessem as condições mínimas de vida e entrassem em desacato, entendia. Assim, só posso perguntar se fariam isto a juízes, enfermeiros ou professores.
De louvar o comportamento da polícia, é facto, mas de aplaudir de pé o comportamento dos tristes estivadores.
Pelo Estado de Direito, a minha solidariedade. Noutra qualquer parte do mundo tinha havido mortes.
O que se passou hoje, queira-se abrilhantar mais ou menos, é exactamente o que antigamente se fazia: quando,os patrões não controlavam os trabalhadores, mandava-se a polícia.
Por mim, aceito mais depressa que um Presidente da República e um Primeiro Ministro possam não ter visto uma pedreira do que não estejam a ver isto. Dito de outro modo, se já ambos tivessem esgotado o poder de mediação, por si ou por interpostos ministros, aceitava medidas veementes. Assim, não.
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