Novo artigo em Aventar
por António Fernando Nabais
Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, declarou que fazia “figura de corpo presente” nas reuniões do conselho de crédito da Caixa Geral de Depósitos. Parece que só lá ia porque era preciso assegurar o número de administradores necessários para que as decisões fossem tomadas, a fazer lembrar o miúdo que era recrutado para um jogo de futebol porque faltava um para ficarmos iguais. Os que hesitavam, dizendo que jogavam pouco, acabavam por ficar à baliza, porque sempre era melhor, pelo menos atrapalhava.
Algumas pessoas ficaram escandalizadas com esta confissão, mas a verdade é que Carlos Costa não pode ser acusado de incoerência, porque continua a fazer a mesma figura como Governador de Banco de Portugal. Também aqui, ninguém poderá acusá-lo de ter tomado verdadeiramente alguma decisão.
Carlos Costa não só poderá continuar a exercer funções, perdoe-se-me a contradição, após a reforma como poderá fazê-lo depois da morte, tendo em conta as modernas técnicas de mumificação. Se houvesse necessidade de prova, as constantes intervenções de Cavaco Silva seriam suficientes. Carlos Costa, tendo em conta que os mortos não se cansam, poderá acumular vários cargos, já que, para efeitos práticos, fazer-se de morto ou estar morto é o mesmo.
Apesar de alegadamente vivo, Carlos Costa poderá, de qualquer modo, acumular a governação, por assim dizer, do Banco de Portugal com um lugar no Madame Tussauds. Um leitor mais ansioso poderá perguntar “Mas em que secção?” É evidente: na dos super-heróis. Carlos Costa será o Homem Visível, aquele que tem o superpoder de ser visto em reuniões, a que junta, ainda, a capacidade extra-sensorial da amnésia.
Entretanto, o departamento de merchandising do Banco de Portugal, já está a preparar uma novidade: os clientes poderão passar a comprar miniaturas de Carlos Costa, que passará a ser vendido como o primeiro boneco de inacção do planeta.
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