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quarta-feira, 10 de abril de 2019

Entre as brumas da memória


Eleições na Índia – para além do imaginável

Posted: 09 Apr 2019 12:16 PM PDT

Um milhão de assembleias eleitorais, eleições em sete fases, entre 11 de Abril e 19 de Maio, mais de 2.000 partidos, taxa de analfabetismo de 64,8%.

(Expresso diário, 09.04.2019)

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09.04.1974 – Quase no fim da ditadura, a última acção armada

Posted: 09 Apr 2019 09:20 AM PDT

Os principais alvos das organizações de luta armada, que surgiram em Portugal durante o marcelismo, enquadravam-se no protesto contra a guerra colonial. Com uma população desesperada e exausta por partir e ver partir os seus para uma terrível aventura sem fim à vista, tudo o que fosse atingir símbolos da política colonialista da ditadura tinha uma grande repercussão e era objecto de um significativo regozijo, mesmo que discreto e silencioso.

Foi o caso com a acção de sabotagem ao navio Niassa, no dia 9 de Abril, no Cais de Alcântara em Lisboa, no momento em que ia partir para Bissau com um contingente de soldados. Tratou-se de uma iniciativa das Brigadas Revolucionárias (BR) que avisaram a PSP do porto de Lisboa uma hora e quinze minutos antes, para que o navio fosse evacuado.

Há na net vários testemunhos de militares que se encontravam a bordo. Um exemplo:

«Para todos nós que íamos para um cenário de guerra, durante a nossa instrução já tínhamos assistido a rebentamentos de granadas, morteiros etc. mas sempre em situações controladas.
Este rebentamento para todos os presentes foi, surpresa seguida de um descontrole, mas para quem preparou a acção foi controlo completo.
O local onde foi colocado o engenho explosivo assim como a hora da sua detonação foi de tal forma feito a não permitir qualquer baixa, mas não evitou a perda, total ou parcial das bagagens dos companheiros que iam nesse porão.
A explosão verificou-se num dos porões mesmo junto da linha de água, fez um rombo de cerca 80cm nas duas chapas de ferro.
Depois do navio estar completamente evacuado, foi adernado por forma a evitar entrada de água no porão e entretanto começaram a reparação do rombo na parte exterior.
Até à meia noite tivemos de embarcar e na manhã seguinte quando acordamos estávamos no meio do Tejo junto à Ponte.
Neste dia tive oportunidade de me deslocar ao local da deflagração e verifiquei os estragos que provocou.
O rombo interior estava a ser reparado nesta altura.
Na manhã do dia 11 de Abril quando acordámos já navegávamos em alto mar.»

Outro testemunho aqui.

E os preparativos da acção, descritos por quem neles esteve envolvida:

«A bomba foi dentro de um colete meu. Eu tinha um fato com um colete integrado. Nós cortámos o plástico em fatias e enchemos o forro desse colete, que por sua vez, foi dentro do blusão do militar que transportou a bomba para dentro do navio. Lembro-me de nos preocuparmos com o facto de ele ter de se abraçar à família antes de partir. A bomba não ia explodir, mas a carga plástica ia nesse colete que ele levava vestido e, ao ser abraçado, a família podia aperceber-se de algo anormal.» In Isabel Lindim, Mulheres de Armas, p. 215.

Laurinda Queirós, a «Branquinha», militante das BR, 23 anos em 1974, estudante de Medicina, hoje médica no Porto.

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Parlamento Europeu, Salvini and friends

Posted: 09 Apr 2019 06:04 AM PDT

Salvini forja aliança nacionalista contra o pesadelo que diz ser a EU.

«"Estamos a ampliar a comunidade, a família. Estamos a trabalhar para um novo sonho europeu", disse Matteo Salvini, líder da Liga e vice-primeiro-ministro do governo de coligação italiano. (…)

O objetivo é ser "o grupo mais importante no Parlamento Europeu", insistiu Salvini, referindo que Milão vai ser palco, a 18 de maio, de um grande comício europeu de partidos nacionalistas. (…)

Os vários partidos nacionalistas estão de acordo em questões como o euroceticismo e a hostilidade ao Islão politico ou ao multiculturalismo, mas divergem noutros aspetos, como a economia, em que por exemplo a AfD defende a economia de mercado e a RN o protecionismo, ou a política externa, em que os elogios de Salvini e Le Pen ao presidente russo, Vladimir Putin, desagradam aos nacionalistas polacos e finlandeses.»

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EDP, a viúva-negra

Posted: 09 Apr 2019 03:30 AM PDT

«Ainda não foi votado nem sujeito a alterações, mas o relatório preliminar elaborado pelo deputado do Bloco de Esquerda Jorge Costa evidencia que, nos últimos anos, os consumidores andaram a pagar muito mais pela eletricidade do que aquilo que deviam. Nem vou falar aqui que a EDP foi beneficiada porque, tal como na Caixa Geral de Depósitos, a elétrica foi usada e usou dos vários governos que permitiram as tais rendas excessivas que o relatório do inquérito parlamentar parece apontar. Para já, há uma premissa importante: os factos que o inquérito analisa são referentes a uma empresa semipública em que os governos tinham, não só uma influência política, como também o peso acionista de quem mandava. Ou seja, quem esteve à frente dos executivos poderia decidir o que entendia sobre a política energética e, acima de tudo, definir o que a EDP deveria fazer. O problema aqui é que, quem transferiu dívidas dos consumidores para o sistema tarifário, foram os próprios governos, principalmente os liderados por José Sócrates e Passos Coelho, que utilizaram a empresa para tapar buracos das contas públicas: ou através dos lucros da empresa ou da sua privatização. António Mexia, até ver ou ser provado, apenas fez o que os acionistas pediam. Como presidente-executivo entregou resultados. Muito elogiado na altura, muito criticado agora. Terá a EDP influenciado as políticas governativas de forma a que a empresa e os seus gestores fossem beneficiados? Será uma resposta a ser dada pelos tribunais. O relatório preliminar faz várias recomendações, entre as quais que a empresa, completamente privada, faça o ressarcimento de alguns ganhos que os contratos e as leis na altura permitiram. E são às centenas de milhões de euros. Desde os famosos CMEC, às tarifas das eólicas ou à extensão do domínio hídrico. Tal como o Governo de Passos Coelho "alindou a noiva" para a sua venda aos chineses, quer-se agora tornar a noiva uma viúva-negra.»

António José Gouveia

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