Ladrões de Bicicletas
Posted: 22 Apr 2019 02:04 AM PDT
O facto desconfortável para muitos socialistas e liberais é que ‘nenhum contrato social e nenhum sistema de distribuição pode funcionar num quadro político aberto’ – isto é, sem fronteiras e sem regras sobre quem está dentro e sobre quem está fora. A nação e o Estado são interdependentes. Tamir enfatiza neste contexto o conteúdo psicológico e cultural do nacionalismo – o aspecto da criação de representações geradoras de laço social. Eu enfatizaria igualmente os aspectos económicos. A nação, qualquer que seja a sua construção, requer um Estado que forneça aquilo que os economistas designam por bens públicos – educação, infra-estruturas, lei e ordem. O Estado, por seu lado, precisa da nação para lhe fornecer a legitimidade, a confiança interpessoal e um sentido de destino comum (…) Só uma pequena minoria de profissionais qualificados e de investidores endinheirados é que se pode dar ao luxo de andar pelo mundo em caça de redes sociais alargadas e de oportunidades económicas em expansão. Estes globalistas cosmopolitas (…) conseguiram sacudir as suas responsabilidades na sua nação de origem e não assumiram responsabilidades noutro lado (…) Como qualquer outra ideologia, o nacionalismo pode ser levado em direcções construtivas ou destrutivas (…) É melhor levarmos a sério a sua mensagem antes que seja demasiado tarde para combater os extremistas e para salvar o nacionalismo dos fascistas. [minha tradução]
Ainda não acabei de ler o livro de Yael Tamir. Quando o tiver feito, talvez diga qualquer coisa por aqui. Por agora, quero apenas sublinhar excertos do prefácio, da autoria de Dani Rodrik, sobre a questão do nacionalismo.
Trata-se, de resto, de um economista convencional ao qual se pode aplicar uma versão invertida de Frei Tomás: não faças o que ele diz do ponto de vista teórico e metodológico, mas faz o que ele faz em algumas áreas da economia política, graças ao institucionalismo, em geral, e a Karl Polanyi, em particular: do justamente famoso trilema da economia política internacional à valorização do estado nacional, passando pela defesa de um certo tipo de populismo económico, associado a uma variegada desglobalização. Nenhum destes temas pode ser tratado de forma adequada no quadro da teoria económica convencional.
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