De Euronews • Últimas notícias: 13/11/2019 - 17:01
A província de Cuanza sul, um dos mercados abastecedores de Angola, é conhecida pela grande variedade culturas e de gado. Graças a alguns investimentos de relevo, permite ao país diversificar a economia e autoabastecer-se, através de uma combinação de projetos de mega e pequenos produtores agrícolas.
O projeto "Aldeia Nova" apoia-se em 700 pequenos agricultores e respetivas famílias em 14 aldeias próximas. Financiado pelo Governo angolano, em conjunto com um grupo israelita, fornece os animais e os alimentos, remunerando os trabalhadores em função da produtividade e deduzindo os custos.
"Temos o cuidado de dividir igualmente o trabalho entre homens e mulheres. Temos em consideração o ambiente, a qualidade e honestidade. Pagamos a tempo e horas e o que cada qual merece", explicou, em entrevista à Euronews, Kobi Trivizki, responsável pelo projeto "Aldeia Nova" no terreno.
Por dia são produzidos seis mil litros de leite, usado em manteiga, queijos, gelados e iogurtes.
A produção de carne traduz-se em seis toneladas por semana, mas é o número de ovos que mais impressiona: 250 mil por dia.
Por ano, a "Aldeia Nova" também vende 1 milhão de litros de óleo de soja.
Graças à melhoria da rede rodoviária e de outras infraestruturas, o projeto "Aldeia Nova" consegue competir com grandes produtores em supermercados de Luanda e de outras cidades. Uma vitória, com sabor especial, para as centenas de agricultores que trabalham em Cuanza sul, como Júlio Miguel.
"É preciso ter responsabilidade porque a empresa, ao atribuir-nos os animais, precisa que tudo funcione devidamente, com ordem e disciplina, desenvolvendo-se uma relação de confiança. É dessa forma que conseguimos os rendimentos para poder sustentar a família, os filhos na escola e a casa. Cada agricultor tem direito a dois ou três hectares de terra", sublinhou Júlio Miguel, que se dedica a criar galinhas e vender os ovos através do projeto "Aldeia Nova."
O investimento internacional de uma empresa israelita revelou-se tão fundamental como as práticas de gestão de Kobi Trivizky, que potenciou um sentimento de confiança e compromisso entre os agricultores. Kobi, que cresceu num "Kibutz", contou à Euronews como é que isso o ajuda na atualidade: "Essa forma de coletividade comunitária educou-me para perceber as necessidades dos outros. Educou-me para as coisas funcionarem, para perceber de agricultura e pensar nas pessoas ao redor, não apenas em mim mesmo."
Cuanza sul, um viveiro de oportunidades de negócio
Para os investidores que conhecem o mercado local, não faltam oportunidades na agricultura e setores relacionados, tendo em conta a melhoria das infraestruturas.
"Houve um grande esforço e sinto isso como investidor estrangeiro. Sinto uma mudança. Maior apoio, nas infraestruturas, na eletricidade. Há novas barragens", disse à Euronews, Eduardo Lima, country manager da LonAgro, revendedor oficial da John Deere.
Pequenos projetos convivem com gigantes, como a Fazenda de Santo António, que se estabeleceu na região há mais de uma década. Depois de um investimento de 45 milhões de euros, e com mais 10 milhões planeados, é a maior quinta irrigada de Angola, com cinco mil hectares de cultivo e 1200 cabeças de gado.
José Alexandre Silva, responsável pela Fazenda de Santo António, sublinhou os atrativos do Cuanza sul: "No Cuanza sul encontramos o bom tempo e a água. Há dois rios aqui. Encontramos o clima e a altitude, que são muito importantes. Podemos ter a melhor carne de porco, de vaca e o melhor milho para alimentar Angola."
Acrescentou que há imenso potencial de crescimento: "O que queremos é que as pessoas venham investir aqui porque precisamos de cerca de 200 quintas como esta para que Angola possa ser autosuficiente."
Enfrentando os desafios, as empresas internacionais estão a avançar em Angola, para ficar um passo à frente da concorrência.
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