Joana Pereira Bastos
11 NOVEMBRO 2019
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Bom dia,
Os espanhóis foram ontem às urnas, naquelas que foram as quartas eleições em quatro anos e as segundas em pouco mais de seis meses. Nas últimas legislativas não se formou nenhuma maioria parlamentar suficientemente sólida para apoiar um governo duradouro e os partidos foram incapazes de estabelecer acordos para ultrapassar o impasse, num fenómeno que os espanhóis apelidaram de El Bloqueo (o bloqueio).
Mas a saga da instabilidade política no país vizinho não deverá ter chegado ao fim. Aliás, o cenário complicou-se ainda mais. O PSOE voltou a ganhar, mas perdeu força, ficando com 120 deputados, menos três do que nas últimas eleições, realizadas a 28 de abril.
Se os socialistas se aliarem ao Unidas Podemos, que perdeu sete lugares, a esquerda garante mais mandatos do que a direita, mas fica, ainda assim, a 20 deputados da maioria absoluta.
À direita, o PP recuperou terreno, com 88 deputados, mais 22 do que conseguiu há seis meses. Mesmo assim, é o segundo pior resultado da sua história. O grande vencedor foi a extrema-direita do Vox, que teve uma subida vertiginosa e mais do que duplicou o número de lugares (de 24 para 52), transformando-se na terceira força política em Espanha. E num dos partidos de extrema-direita mais fortes da Europa.
Já o Ciudadanos, da direita liberal, praticamente implodiu, caindo estrondosamente de 57 deputados para apenas dez.
Num cenário em que nem esquerda nem direita somam maioria absoluta, será necessário contar com forças nacionalistas e regionalistas, incluindo os independentistas catalães, que subiram no seu todo, mas não conseguiram, ainda assim, a maioria na região.
Sánchez garantiu que trabalhará a partir de hoje por um “Governo progressista liderado pelo PSOE” e convocará todos os partidos para o diálogo, “salvo aqueles que se autoexcluem da convivência e semeiam o discurso do ódio e da antidemocracia”. Aos outros, pede “generosidade e responsabilidade”.
Mas não será fácil. Com estes resultados, está no ar uma nova temporada de “El Bloqueo”, num país perto de si.
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