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sexta-feira, 5 de julho de 2024

 

Aos Costumes disse: Nada

By estatuadesal on Julho 5, 2024

(João-MC Gomes, In VK, 05-07-2024)



O "jovem" Nuno, filho do PR Marcelo, que deixou em Abril a presidência da Câmara Portuguesa de Comércio de São Paulo, cargo que ocupou durante cinco anos, foi chamado a responder em Comissão de Inquérito Parlamentar sobre o caso das gémeas brasileiras, feitas portuguesas para poderem aceder aos serviços do SNS português e serem medicadas para o seu problema grave, com custos de milhões.

Nuno tem um ar de quem nasceu com à-vontade e bem apoiado e cuja vida correu sempre sem grandes problemas. Efeitos de ter um pai politico e alguns amigos nos lugares certos. Saiu da Câmara do Comércio e foi logo para a EDP onde é diretor de marketing, de marca e de comunicação. Quem o convidou para a Câmara do Comércio e para a EDP fê-lo certamente pelo seu elevado valor intelectual e de conhecimentos técnicos. Não teve nada a ver com cunhas, até porque estudou desde o 1º ano até ao 12º ano na Escola Salesiana de Santo António do Estoril, formou-se em Economia na Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica Portuguesa, em 1996 e, em 2001, completou seu MBA no INSEAD em França. Não se sabe se teve explicadores.

A Comissão de Inquérito ao caso das gémeas convocou Nuno para depor sobre esse caso, que entretanto já tem tratamento na Justiça e o constituiu arguido. Começou por recusar-se responder mas, depois, foi aconselhado a não continuar essa recusa e apareceu no inquérito online. Mas sempre com respostas off. Os deputados fizeram perguntas sérias sobre o tema das gémeas, a responsabilidade e a ética. Nuno, por sua vez, respondeu sempre com a mesma frase: Não respondo!

Deveria estar a pensar : “Responsabilidade? Ah, isso é coisa do passado. O meu pai que se desenrasque!". E os deputados ficaram sem nenhuma resposta. Nuno ficou off e saiu da Comissão de Inquérito com um sorriso e agradecimento. Vamos ver o que decidirá a Justiça. Provavelmente daqui a muitos anos e já com o pai fora da Presidência.

Mesmo avisado de poder passar por lobista, o filho do PR português não assumiu, não esclareceu, não informou - mesmo as coisas mais simples e que não contam no inquérito criminal. Nem foi filho do seu pai, nem foi homem. Foi alguém que fugiu às suas responsabilidades.

Há moral nesta história? Bem, talvez seja a de que nem todos nascem para ser políticos, mas todos os que são filhos de certos politicos julgam estar protegidos das suas responsabilidades. Pelo que podem tornar-se ainda mais famosos depois de irem ás Comissões de Inquérito. E tornar os seus pais ainda mais famosos.

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