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sábado, 21 de setembro de 2024

 

A camisa-de-onze-varas

By estatuadesal on Setembro 20, 2024

(Por Miguel Castelo Branco, in Facebook, 19/09/2024)



Já todos terão compreendido que a camisa-de-onze-varas em que voluntariamente se meteu a Europa vai requerer uma habilidade extrema no retorno a um clima de desanuviamento e boa vizinhança com essa metade do continente que é a Rússia.

O futuro da Europa foi comprometido, pelo que não só o Leste corre grande perigo, mas também a Europa central e ocidental, pois o fito desta luta foi o de separar a Europa da Rússia, do Médio Oriente e da Ásia Central, privando-a de mercados e debilitando-a para a converter num mero apêndice norte-americano. Mas tão ameaçada como a Europa da UE foi a Rússia, ou não é esta o último Estado europeu com projeção mundial? Quem a quis ver destruída?

Para saber o motivo do ódio contra a Rússia de Putin, há que compreender o aspecto psicológico das fracas lideranças ocidentais, ou seja, a incontida raiva dos pequenos contra tudo o que é grande, posto que os adoradores do McDonald´s não queriam que o mundo terraplanado com que sonhavam, fosse contrariado pela aspiração à grandeza e à força saudável que emana de Moscovo.

Por ora, e já que subitamente todos falam de negociações e de paz, Putin venceu a partida e parece-nos que era bem exagerada a tese que dava a Rússia como vencida. Há dez anos, quando se começaram a adensar as nuvens que levaram à presente guerra, Putin fez os primeiros comentários verdadeiramente azedos e lúcidos às diferenças que separaram a Rússia dos EUA. Na altura, afirmou ter sido, «A América construída sobre o extermínio de milhões de homens e que a essa limpeza étnica se juntou a escravatura», para logo duvidar que «Estaline - se em Abril de 1945 possuísse a bomba atómica - a teria mandado lançar sobre a Alemanha, tal como os EUA o fizeram sobre o Japão, uma nação sem essa arma». Indiferentemente de ter sido Estaline responsável por inumeráveis crimes, não queria ver a Europa desfeita, pelo simples mandato da geografia nos impor o facto de vivermos no mesmo continente.

Se, como tudo indica, a guerra não sobreviver até ao próximo ano, curiosos ficamos por saber quais, e quem, dos Estados europeus - e com que argumentos -, se voltará a sentar à volta de uma mesa com os russos.

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