Ucrânia – Zelensky implora à Rússia para renovar os acordos que ele próprio rasgou
(Por Moon of Alabama, Trad. Estátua de Sal, 23/10/2024) O ator que vem interpretando o papel de presidente da Ucrânia há algum tempo, está a ficar com medo. O inverno está a chegar e as redes de energia da Ucrânia estão perto do colapso total. Poderia ter havido acordos para evitar isso. Mas, o lado ucraniano, rasgou esses acordos. Agora Zelensky está a implorar para que sejam renovados. No final de 2022, os militares russos lançaram uma campanha de bombardeamentos contra estações de comutação de eletricidade na Ucrânia. Muitos transformadores explodiram. Os militares ucranianos responderam concentrando as suas defesas aéreas perto de estações de eletricidade. Esse, foi exatamente o efeito que os russos pretendiam. As instalações de defesa aérea, não as estações de eletricidade, passaram a ser os seus verdadeiros alvos. Após se separar da União Soviética, a Ucrânia tinha as melhores defesas aéreas que o dinheiro podia comprar. Durante o outono e o inverno de 2022, a maior parte delas foi destruída. E então a campanha russa contra as estações de eletricidade foi interrompida. Em 2023/24, os militares ucranianos começaram sua própria campanha contra as infraestruturas na Rússia. Várias refinarias foram atingidas por drones e incendiaram-se. A produção de gasolina na Rússia esteve a cair significativamente e a exportação de gasolina teve que ser interrompida por um tempo. Os russos retaliaram renovando a sua campanha contra a rede elétrica da Ucrânia. Mas, dessa vez, os alvos não eram apenas estações de comutação, mas as próprias instalações de geração. A produção de eletricidade não nuclear na Ucrânia foi dizimada. Nos seus briefings diários, o Ministério da Defesa russo considerou os ataques às estações de eletricidade ucranianas como uma retaliação direta aos ataques ucranianos à Rússia propriamente dita. Por exemplo : “Esta manhã, em resposta às tentativas do regime de Kiev de danificar objetos da infraestrutura energética e da economia russas, as Forças Armadas da Federação Russa realizaram um ataque coletivo com armamento de precisão de longo alcance contra objetivos da infraestrutura militar-industrial ucraniana e bases de aviação da AFU.” Com a sua capacidade de geração em perigo e sob a ameaça de apagões, o governo ucraniano caiu em si - pelo menos por um tempo. E negociações secretas foram organizadas em Doha, Qatar, para se pararem os ataques às infraestruturas de ambos os lados. Em agosto de 2024, logo após o exército ucraniano ter lançado uma incursão na região de Kursk, na Rússia, o Washington Post relatou: “Ucrânia e Rússia devem enviar delegações a Doha, neste mês, para negociar um acordo histórico que suspende ataques às infraestruturas de energia de ambos os lados, disseram diplomatas e autoridades familiarizadas com as discussões, no que equivaleria a um cessar-fogo parcial e ofereceria um alívio para ambos os países. Mas as negociações indiretas, com os catarianos a servirem de mediadores e reunindo separadamente com as delegações ucraniana e russa, descarrilaram devido à incursão surpresa da Ucrânia na região de Kursk, oeste da Rússia, na semana passada, de acordo com as autoridades. (...) A Ucrânia teve que pagar um preço alto pela incursão em Kursk. As tropas de elite que ela havia enviado não conseguiram atingir o seu alvo, uma central nuclear perto de Kursk, e logo foram dizimadas. Os ataques às infraestruturas ucranianas continuaram a toda a força. Três meses depois, com a incursão de Kursk, bem como com a sua rede elétrica quase em colapso total, o governo ucraniano está novamente a tentar mudar de registo. Está a implorar à Rússia para serem renovados os acordos que, ele mesmo, torpedeou. Conforme relata o Financial Times: “O fim dos ataques aéreos contra alvos energéticos e navios de carga ucranianos pela Rússia pode abrir caminho para negociações para pôr fim à guerra, disse o presidente ucraniano. Volodymyr Zelensky disse a jornalistas em Kiev na segunda-feira que "quando se trata de energia e liberdade de navegação, obter um resultado nesses pontos seria um sinal de que a Rússia pode estar pronta para encerrar a guerra". Bem - ele poderia ter feito esse acordo há três meses. Agora será mais difícil consegui-lo. Uma retirada total das forças ucranianas da região de Kursk será o pré-requisito mínimo que a Rússia pedirá para renovar as negociações. Zelensky também quer renovar o acordo do Mar Negro. A reportagem de agosto do Washington Post lembrou isso mesmo: “Autoridades ucranianas e russas não se encontraram pessoalmente para conversas desde os primeiros meses da guerra, quando delegações de ambos os lados se reuniram para conversas secretas em Istambul. Essas negociações acabaram fracassando. Mais tarde, os dois lados concordaram com um acordo de cereais que levou a Rússia a suspender temporariamente um bloqueio naval, permitindo que a Ucrânia transferisse cereais pelo Mar Negro. Isso também entrou em colapso meses depois, quando a Rússia saiu do acordo.” O acordo do Mar Negro incluiu uma promessa ocidental de não atrapalhar as exportações russas através do Mar Negro. Esse obstáculo, no entanto, continuou, pois o seguro para cargueiros continuou a ser negado. Os ataques ucranianos à frota russa do Mar Negro também continuaram. A Rússia saiu do acordo e restabeleceu o seu bloqueio quase total dos portos ucranianos. Durante o último semestre, a Ucrânia começou a reconstruir a sua linha de fornecimentos através do Mar Negro. Dezenas de navios com carga seca chegaram a Odessa e outros portos ucranianos do Mar Negro. Os russos logo presumiram, corretamente, que aqueles navios transportavam armas e munições para os militares ucranianos. Mísseis Iskander foram enviados para destruir as cargas assim que os navios atracaram. Nos últimos meses, mais de 20 cargueiros de carga seca foram atingidos, danificados ou afundados. Explosões secundárias, após os ataques, confirmaram a presença de cargas explosivas. O bloqueio naval russo foi renovado — não intercetando navios a caminho da Ucrânia -, mas atacando-os enquanto descarregavam. Durante a guerra, a Rússia ofereceu a Zelensky pelo menos dois pequenos acordos que eram amplamente a favor da Ucrânia. O acordo de cereais do Mar Negro falhou porque a Ucrânia e seus "parceiros" falharam em cumprir a sua parte do acordo. O acordo de paz de infraestruturas falhou porque a Ucrânia decidiu atacar em direção a Kursk. Agora Zelensky está implorando para renovar ambos os acordos. Isso pode bem vir a ser possível. Mas a Rússia, certamente, pedirá um preço muito alto para o fazer. |
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