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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Porque o proletário é estúpido como uma porta, não é mesmo?

31/08/2017 por João Mendes
Imagem encontrada no Facebook do Ricardo M Santos, perigoso comunista
Está por aí um alvoroço muito grande, com cataclismos, resgates e pragas bíblicas à mistura, porque a malta da Autoeuropa, imagine-se o desplante, decidiu fazer uma greve. Estes esquerdalhos, sempre a querer lutar pelos seus direitos. Se fossem assaltar bancos ou adjudicar coisas a troco de robalos, luvas, putas e vinho verde é que eles eram gente de valor. Uma Maria Vieira a disciplinar cada um destes bandalhos era pouco.
Ao que tudo indica, e apesar da esmagadora maioria dos trabalhadores se ter manifestado contra as propostas decorrentes do pré-acordo entre a Comissão de Trabalhadores e a administração da empresa, que levaram à paralisação de Quarta-feira, a URUBU – União(-Nacional) Ressabiada Ultraliberal de Boys e outros corrUptos – veio já a público explicar o que se passou: a CGTP (ou, se preferirem, o PCP) terá levado a cabo um processo de lavagem cerebral a cerca de 2660 trabalhadores da Autoeuropa, removendo toda e qualquer réstia de razão que existisse nas suas pequenas massas encefálicas, que dada a sua condição proletária e potencialmente comunista, era já muito pouca.
O proletário, como muito bem sabem as nossas esclarecidas elites, é estúpido como uma porta, a ponto de não ter ainda percebido que o seu lugar é na linha de montagem, quieto, calado, desejoso do chicote e sem paragens para hidratação ou descarga de fluidos. Por este motivo, mais do que nunca, é urgente colocar em marcha uma reforma laboral, que previna que as condições de trabalho de qualquer operário sejam defendidas ou contestadas pelo próprio operário.
Para acautelar esta prioridade, sugiro a constituição da Comissão para a Verdade Laboral, sediada na Católica Business School, onde à CIP se juntarão os representantes dos bancos, seguradoras e fundos de capital de risco, assessorados por figuras de referência como João César das Neves, Camilo Lourenço, José Manuel Fernandes, Rui Ramos e, claro, Maria Vieira.
Acresce a isto, tão certo como a desintegração da Geringonça em 2015, o resgate de 2016, a chegada do Diabo ou a profecia da impossibilidade de atingimento do défice de 2016, que o que se segue agora é o desmantelamento da unidade de Palmela, que, como seria de esperar, não resistirá à primeira – e ao que tudo indica a última – greve da sua longa existência. Que é para esses proletários, esquerdalhos e geringonços, aprenderem a bater a bola baixa e deixarem de ser estúpidos.

Fonte: Aventar