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quinta-feira, 6 de julho de 2017

Espreite debaixo do tapete, Dr. Passos Coelho 06/07/2017



Passos Coelho quer saber, com toda a legitimidade que lhe assiste, como é que o governo conseguiu um défice de 2%. Confesso-me igualmente curioso, tão curioso como me senti, há coisa de dois anos, quando o governo além-Troika de Pedro Passos Coelho anunciou ter conseguido a tal da saída limpa. Claro que, como seria de esperar, o então primeiro-ministro não nos quis contar a história toda. E não terá querido, em 2015 como agora, porque os números têm tanto de implacáveis como manipuláveis.
Mas o tempo passou e lá fomos descobrindo, porque a verdade, ainda que tantas vezes nos sirva de tão pouco, continua a ser como o azeite. Encontramos o Banif, escondido debaixo do tapete, e com ele uma série de outros factos, entre eles que a solução foi sendo sucessivamente adiada pelo anterior governo, de forma a não colocar em causa a tal saída limpa, que tinha, afinal, pés de barro.
Houve uma proposta recusada, sobre a qual nada foi dito aos portugueses, até que os jornais decidiram falar nela, tivemos o governador do Banco de Portugal a recusar documentos solicitados pela comissão parlamentar de inquérito ao caso Banif, e tivemos também importantes papéis a desaparecer, aquele clássico tão nosso. Era suja, a saída. Tão suja que terminou tão controversa como começou.
É possível que o milagre do défice esconda outras coisas debaixo do tapete. Passos pode sempre ir lá procurar, mas se algo lá houver, rapidamente se descobrirá, o que não significa necessariamente que alguém será responsabilizado pelos potenciais prejuízos que daí decorrerão. A diferença é que, desta vez, as contas estão minimamente amanhadas, contrariamente àquilo que vai sendo anunciado pela oposição, e até os Velhos do Bruxelas parecem convencidos. E tudo isto após quase dois anos de profecias cataclísmicas, ameaças de sanções e resgates, vaticínios sobre o fim do acordo à esquerda e anúncios da vinda do Diabo. E não é que se respira melhor?
Foto: Pedro Nunes/Lusa@ZAP
Fonte: Aventar.eu - 06/07/2017 por João Mendes