28 Outubro, 2017
by vitorcunha
Mencionar as escutas a Sócrates e Câncio é algo que os meus cinco leitores regulares (já inclui a Câncio via um dos Minions) esperam que faça. Contudo, tirando a novidade da linguagem fofa usada por pessoa habituada a tratar todos os outros por estúpidos e a destreza com que se fala de quantias de milhões a partir de um salário de primeiro-ministro, não há ali qualquer conteúdo relevante. Quem ler as escutas publicadas pela Sábado deverá sentir, tal como eu senti, uma enorme tristeza pela forma como as mulheres tratam José Sócrates. O homem foi constantemente esmifrado, sugado, espremido por mulheres — incluindo a mãe — sempre à coca de mais um pacotinho de dinheiro. É casacos, é prestações de hipotecas, é pedidos de compra de apartamentos, é propinas… enfim, li aquilo e fiquei genuinamente com pena do homem.
All You Need is Love, mas um casaco novo também dá jeito. Pessoalmente, considero que a publicação das escutas telefónicas de Sócrates com as mulheres só causa tristeza. Quanto às senhoras, só mostra que quem mais denuncia a opressão do heteropatriarcado é quem mais espera dele beneficiar. Se alguma coisa se pode tirar das escutas é que Câncio, para lá da fachada do moderno feminismo grotesco — o que recauchuta o pior do machismo para usar como sendo fresco —, estava mais que preparada para o papel de fada do lar na casinha que o “marido” pagasse.