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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Angola, o futuro imediato

06/09/2017 por Autor Convidado

[Mwangolé]

À pergunta se poderia ser o Gorbachev angolano, João Lourenço respondeu que pretende vir a ser mais parecido com Deng Xiaoping, o homem que liderou a reforma económica na China. De facto o maior problema de Angola está no fraco desempenho da sua economia. Não se pode obviamente criticar por antecipação, nem tão pouco sabemos o que resultará da acção do próximo elenco governativo, certo é que o quadro que serve de ponto de partida não é brilhante. Com o preço do petróleo em baixa, sem diversificar a economia, não vamos a lado nenhum. E se alguns factores como a cotação da matéria-prima não dependem da política governativa, outros só dependem mesmo de Angola.

Com a economia paralisada e boa parte dos empresários angolanos descapitalizados e sem acesso a divisas e não se consegue atrair capital estrangeiro sem modificar a actual política restritiva de concessão de vistos. Mas também não devemos ficar iludidos que basta mudar a lei neste aspecto e tudo vai correr bem, porque não vai. Os vistos são apenas uma parte do problema, a corrupção é mil vezes pior inimiga do desenvolvimento. Não é possível a obtenção de licenciamentos para iniciar uma actividade, continuar a depender da gasosa que se paga na repartição ou ministério. Durante anos as empresas públicas empregaram amigos, ou nalguns casos limitaram-se a pagar salários, porque muito boa gente nunca deve ter exercido qualquer função apesar de ter sido remunerada. O mesmo aconteceu na função pública e até nas forças armadas e policiais. Toda a família angolana conhece a cunha, gasosa ou favorecimento como principais critérios que ao longo dos anos têm presidido ao recrutamento de pessoas para trabalhar no Estado.

Há que dar o benefício da dúvida ao novo Presidente, mas os resultados das últimas eleições mostraram um crescente descontentamento, principalmente junto dos jovens nas zonas urbanas, pelo que a tolerância é curta e paciência tem limites. Quarenta e dois anos passados da independência e quinze da obtenção da paz entre os angolanos, é tempo da população beneficiar de saneamento básico, acesso aos cuidados de saúde primários e melhoria de qualidade na educação. Não pode continuar a ser tolerável abrir uma torneira e não sair água, nas casas ondem existem torneiras, bairros inteiros na escuridão, constituindo um verdadeiro paraíso para criminosos, estradas completamente destruídas, causadoras de acidentes que provocam inúmeras vítimas, apesar de anualmente ser exigido o pagamento da taxa de circulação.

Do muito que está por fazer, a prioridade do próximo governo terá de ser arrumar a casa, o que não parece ser tarefa fácil, porque há muito interesse instalado no Estado, que em tempo de abundância, tem dado para quase tudo, mas não para quase todos, porque ao povo apenas chegaram migalhas. Esses interesses instalados não vão certamente querer perder as benesses e tentarão influenciar e condicionar a acção do próximo executivo, para que tudo fique na mesma, ou quase…

Fonte: Aventar
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