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sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Os pórticos da auto-estrada 25


por Autor Convidado

A25

João Coutinhas
Ontem percorri muitos quilómetros de desolação da A25, mandatado pela solidariedade de muitos amigos. De ambos os lados, terra queimada a perder de vista. Percebe-se bem que as pessoas não tiveram meios para salvar mais nada que as suas casas. E destas, nem todas. De incólume, só mesmo o asfalto e os pórticos do sugadouro automático.
Mas é quando se troca a estrada grande pelas pequenas vias (essas que de quatro em quatro anos beneficiam da oportunista manutenção) que "bate" em pleno a dimensão da tragédia. Sente-se a tristeza, não o desânimo!
As pessoas não precisam que lhes digam que têm que ser resilientes.
Nem conhecem este figurado. Mas conhecem bem o significado de abandono, que trespassa todas as conversas.
Por todo o lado, cada um tenta limpar e reconstruir o que pode. Aqui e ali os madeireiros em actividade. Das "autoridades"... nada. As operadoras de comunicações móveis foram rapidíssimas a reparar as antenas. Rede fixa, continua avariada. Aquele vizinho ouviu falar de apoios a fundo perdido, mas não sabe como se candidatar. O primo foi à Junta declarar que ficou sem casa: pediram-lhe os "papéis" que arderam.
O fogo pôs à mostra também a debilidade das estruturas locais. Os slogans de alguns cartazes de campanha sobreviventes, que falam de futuro e de competência, parecem agora obscenos.