Mário Centeno |
O país conseguiu provar que era possível reequilibrar as contas do Estado sem a experiência inovadora da desvalorização fiscal combinada com o empobrecimento dos trabalhadores e a destruição da classe média? Conseguiu e a culpa foi do Centeno, o diabo não apareceu, Passos Coelho pode cumprir a promessa de votar no PS se conseguisse tal feito e a Maria Luís pode regressar à escola primária para fazer a disciplina de aritmética.
Os portugueses podem ter um ano tranquilo, sem tarados a explicarem desvios colossais, sem um primeiro-ministro a usar a troika para os chantagear, sem as palermices do Paulo Portas? Sim, o país percebeu que se pode viver sem medo da troika e do Eurogrupo, que se pode planear a vida sem receio de que Passos lhe tire metade do próximo ordenado ou que decida que só vai receber salário, mês sim, mês não. E a culpa foi do Centeno.
O país pode viver tranquilamente, com estabilidade fiscal, sem a necessidade de planos B, C e D, sem serem necessários sucessivos orçamentos rectificativos? Pode e deve isso a Centeno, acabaram-se as paranóias do Passos, a incompetência da Maria Luís e os livros brancos do Paulo Portas.
É possível um ministro das Finanças rigoroso e competente dialogar com o BE ou com o PCP, fazendo aprovar orçamentos de forma quase tranquila? É, e a culpa é do Centeno; foi graças a ele que o parlamento aprovou dois orçamentos, algo que a direita nunca imaginou ser possível.
É possível gerir altos níveis de austeridade, melhorar os rendimentos, evitar a recessão e conseguir que os portugueses estejam optimistas, como se não se via há muitos anos? É, e a culpa é do Centeno, os portugueses confiam na sua competência, no seu rigor, na sua capacidade negocial interna e externa e na sua palavra.
São demasiadas culpas para um ministro, ainda por cima alguém semqualquer experiência politica, que ainda não domina os truques de linguagem palaciana de uma seita política formada nas juventudes partidárias, gente para quem é melhor andar a roçar o cu pelas cadeiras e depois ir tirar um curso de canalhice a Castelo de Vide, do que queimar as pestanas com um doutoramento nas melhores universidades do mundo, onde, aliás, pouco mais poderiam fazer do que serem jardineiros.
É por isso que querem destruir Centeno a qualquer custo, é por isso que vale tudo e até se servem de um maluquinho vingativo e sem princípios, que pede a um qualquer Don Corleone que divulgue as mensagens SMS que recebeu no quadro de uma relação de confiança e lealdade. O problema é que os portugueses não são parvos e esta sanha de ódio pode ter o resultado contrário ao esperado. Centeno é o melhor ministro deste governo e aquele que mais é apreciado pelos portugueses.
A manobra é tão evidente e de tão baixo nível que a direita pode vir a pagar um preço muito elevado pela institucionalização da canalhice. O desespero de Passos Coelho está a conduzi-lo para um beco sem saída.
Ovar, 2 de Março de 2017
Álvaro Teixeira