Rodrigo Sousa Castro
2 h ·
O ESTRANHO CASO DAS ESQUERDAS RADICAIS EM PORTUGAL
Alcunhado de governo das “Esquerdas radicais”, o actual governo apresenta por estes dias na AR o seu terceiro Orçamento de Estado, e tal como os anteriores revela-se um orçamento minimalista, respeitador integral dos compromissos europeus, com tímidas medidas sociais, a maior parte delas de reposição de direitos retirados ou suspensos pelo anterior governo.
Não tem uma única medida de fundo que ponha em causa o actual stato quo económico social e foge como o diabo da cruz de qualquer medida e /conotação revolucionária, que lhe conferisse um pequeno laivo de radicalismo de esquerda.
O que leva então a nossa Direita, que enche a boca de personalismo cristão e se arroga defensora dos mais frágeis, dos direitos das famílias e dos trabalhadores a utilizar tal chavão ?
Com uma sociedade em que o salário médio, cerca de 1 000 euros, apenas está ao alcance de 20% da população e em que um quinto dela vive no limiar da pobreza, onde as dificuldades de sobrevivência das famílias atingem um nível preocupante, a nossa Direita, coloca-se nos antípodas dos movimentos conservadores da Europa e revela um total desnorte.
Sem a tragédia dos incêndios e a trágico-comédia de Tancos , os partidos da Direita, PSD e CDS arrastar-se-iam penosamente nesta fase da legislatura , exibindo com crueza o seu vazio ideológico.
É que está bem de ver, que este governo moderado e eficaz do ponto de vista económico, com o apoio das tais esquerdas radicais, não faz mais do que qualquer partido decente da Direita deveria fazer, sem ser preciso aprender e realizar o que o Papa Francisco propõe.