RTP 02 Mar, 2017, 10:03 / atualizado em 02 Mar, 2017, 11:34 | Mundo
O relatório conduzido pela empresa não esclarece se o financiamento teve como destinatário o Estado Islâmico | Khalil Ashawi – Reuters
A gigante suíça de construção admitiu ter financiado grupos armados na Síria para manter a atividade numa fábrica em Jalabiya, a 150 quilómetros de Alepo. A LafargeHolcim não especifica que grupos receberam dinheiro, mas uma investigação do jornal Le Monde denunciava no ano passado que os fundos tinham chegado aos cofres do Estado Islâmico.
A LafargeHolcim admite ter alcançado acordos “intoleráveis” com grupos armados de forma a garantir a segurança de uma fábrica de cimento na Síria. O jornal Le Monde revela que a empresa conclui, através de um estudo interno, que a subsidiária local financiou grupos armados, sem esclarecer quais em concreto.
Em causa está uma fábrica de cimento em Jalabiya, comprada pela francesa Lafarge em 2007, à egípcia Orascom. A aquisição aconteceu anos antes da fusão entre a Farage e o grupo helvético Holcim, consumada em julho de 2015.
A cimenteira de Jalabiya só ficou operacional em 2010, um ano antes do início da guerra civil na Síria, em março do ano seguinte. Mas gestão de fábrica procurou garantir o funcionamento da fábrica tanto tempo quanto possível, mesmo com o recrudescimento dos conflitos.
“Em retrospetiva, as condições necessárias para assegurar a continuidade da operação da fábrica eram inaceitáveis”, concluiu uma investigação interna, a que o diário francês teve acesso.
"Desafios muito difíceis"
Em junho do ano passado, o jornal Le Monde noticiava que os pagamentos da subsidiária tinham chegado aos cofres do Estado Islâmico. Após várias denúncias por parte de organizações não-governamentais, a gigante suíça ordenou uma investigação interna a estes pagamentos a grupos armados.
"A deterioração da situação política na Síria levou a desafios muito difíceis para a segurança das operações e funcionários. Isto incluiu as ameaças à segurança dos funcionários e interrupções no fornecimento necessários para operar a planta e distribuir seus produtos" admitiu a LafargeHolcim.
A partir de 2013, com a emergência e presença constante do Estado Islâmico naquela região, o normal funcionamento da empresa ficou comprometido. Segundo o Le Monde, a Lafarge cedeu ao pagamento pela passagem de materiais que passavam nos postos de controlo dos jihadistas, na tentativa de manter a operação.
"Os responsáveis pelas operações na Síria parecem ter agido da forma que pensaram que era do melhor interesse da empresa e dos seus funcionários. No entanto, o inquérito revelou erros de julgamento significativos, que contradizem o código de conduta em vigor ", acrescenta o relatório interno.
O relatório conduzido pela empresa não esclarece se o financiamento teve como destinatário o Estado Islâmico, referindo-se no abstrato a “grupos armados”. Mas o jornal francês garante que a empresa financiou diretamente a organização terrorista durante um ano, uma vez que os jihadistas interromperam o funcionamento da fábrica em setembro de 2014, quando captaram a zona de Jalabiya.
Ovar, 2 março de 2017
Álvaro Teixeira
Em causa está uma fábrica de cimento em Jalabiya, comprada pela francesa Lafarge em 2007, à egípcia Orascom. A aquisição aconteceu anos antes da fusão entre a Farage e o grupo helvético Holcim, consumada em julho de 2015.
A cimenteira de Jalabiya só ficou operacional em 2010, um ano antes do início da guerra civil na Síria, em março do ano seguinte. Mas gestão de fábrica procurou garantir o funcionamento da fábrica tanto tempo quanto possível, mesmo com o recrudescimento dos conflitos.
“Em retrospetiva, as condições necessárias para assegurar a continuidade da operação da fábrica eram inaceitáveis”, concluiu uma investigação interna, a que o diário francês teve acesso.
"Desafios muito difíceis"
Em junho do ano passado, o jornal Le Monde noticiava que os pagamentos da subsidiária tinham chegado aos cofres do Estado Islâmico. Após várias denúncias por parte de organizações não-governamentais, a gigante suíça ordenou uma investigação interna a estes pagamentos a grupos armados.
"A deterioração da situação política na Síria levou a desafios muito difíceis para a segurança das operações e funcionários. Isto incluiu as ameaças à segurança dos funcionários e interrupções no fornecimento necessários para operar a planta e distribuir seus produtos" admitiu a LafargeHolcim.
A partir de 2013, com a emergência e presença constante do Estado Islâmico naquela região, o normal funcionamento da empresa ficou comprometido. Segundo o Le Monde, a Lafarge cedeu ao pagamento pela passagem de materiais que passavam nos postos de controlo dos jihadistas, na tentativa de manter a operação.
"Os responsáveis pelas operações na Síria parecem ter agido da forma que pensaram que era do melhor interesse da empresa e dos seus funcionários. No entanto, o inquérito revelou erros de julgamento significativos, que contradizem o código de conduta em vigor ", acrescenta o relatório interno.
O relatório conduzido pela empresa não esclarece se o financiamento teve como destinatário o Estado Islâmico, referindo-se no abstrato a “grupos armados”. Mas o jornal francês garante que a empresa financiou diretamente a organização terrorista durante um ano, uma vez que os jihadistas interromperam o funcionamento da fábrica em setembro de 2014, quando captaram a zona de Jalabiya.
Ovar, 2 março de 2017
Álvaro Teixeira