Translate

domingo, 12 de março de 2017

Afinal, a única geringonça é o líder da oposição

In Blog O Jumento, 10/03/2017)

taberna1

 

Ao fim de mais de um ano de oposição a estratégia de Passos Coelho nunca passou por se constituir em alternativa, em vez disso anda por aí na esperança de um novo colapso financeiro lhe devolver o poder sem restrições constitucionais, ainda que sem um Cavaco dócil na presidência.

A Geringonça já propôs dois orçamentos, em 2016 Passos Coelho confundiu o parlamento com uma mesa de lerpa e disse “passo”. No OE para 2017 o líder do PSD prometeu que iria a jogo, disse que iria ouvir os parceiros sociais e que apresentaria as suas propostas, mas no dia do da apresentação do OE montou uma fantochada em Albergaria-a-Velha, organizou uma espécie de Cortes de Albergaria e apresentou o seu OE de governo no exílio. Acabou por estar ausente no debate orçamental.

O PSD não participa nos debates parlamentares apresentando-se como alternativa e afirmando as suas propostas. Limita-se a fazer discursos provocatórios, na esperança de o BE ou o PCP se sentirem envergonhados por apoiarem um governo do PS, em vez de o derrubar para termos um governo com uma política económica de extrema-direita.

Ocasionalmente a estratégia deu resultado no caso da TSU, com o PSD a ignorar os mesmos parceiros sociais que meses antes disse ouvir para apresentar as suas propostas no debate orçamental. Desde então o PSD ficou viciado em jogo sujo parlamentar, cada debate, cada lei, cada discussão serve para testar o apoio parlamentar ao governo. O próprio Montenegro admitiu ontem que o PSD poderia ser governo sem eleições, isto é, com o apoio tácito do PCP e do BE.

Ao fim mais de um ano de governo do PS o líder do PSD não desistiu da sua estratégia inicial, anda armado em primeiro-ministro e nas últimas semanas assumiu o papel de primeiro-ministro no exílio e ofendido por um mal-educado António Costa. Para Passos Coelho o parlamento é uma taberna onde vai de vez em quando discutir a bola, ali não se debate nada sério, não se fazem propostas.

Os mesmos que tentam passar a ideia de que há um clima de asfixia democrática demonstram um total desprezo pelo parlamento, estão um ano sem fazer propostas ao país. No fundo Passos Coelho considera que o parlamento é uma inutilidade, nunca lhe deu importância enquanto primeiro-ministro e volta a fazê-lo quando era suposto ser líder da oposição. Passos Coelho tem grandes dificuldades em viver em democracia, enquanto primeiro-ministro não soube o que eram princípios constitucionais, enquanto líder da oposição acha que o parlamento é uma taberna. Passos Coelho lida mal com a democracia, é por isso que só sabe ser governo, não sabe ser oposição.

 

Ovar, 12 de Março de 2017

Álvaro Teixeira

A ameaça pode atingir todos nós (estatuadesal)

 

 

(Baptista Bastos, in Jornal de Negócios, 10/03/2017)

bb1

Atingimos um ponto em que temos de nos entender quanto ao significado das palavras honra, dignidade e pátria.


A sociedade portuguesa vive numa condição de atrito moral poucas vezes visto porque raramente assumido. Há um manifesto desprezo pela coisa pública, e o pensamento, esse, parece dominado pela absorção dos valores. Há necessidade de se definir o desenvolvimento e o progresso social, mas as coisas são apenas definidas pelo fim da ideologia. Portugal vive um dos momentos mais gravosos, desde a democracia. Os valores mais fortes têm sido dizimados por uma casta que, nos jornais sobretudo, tenta impor uma nova ordem de pensamento. Estamos a chegar a um período em que os Estados já não são os promotores do desenvolvimento e do equilíbrio social. E a violência tende a substituir a ciência e o desenvolvimento. As guerras de posse atingiram um nível desusado, e a miséria, a fome e a destruição parecem ser os protagonistas de uma nova, e estranha, concepção de violência. O desprezo dos valores assume uma nova esquadria de entendimento, certamente poderoso, mas também certamente oneroso para a humanidade,

O caso Paulo Núncio merece uma reflexão mais prolongada. Recordemos que José Azevedo Pereira, antigo director-geral da Autoridade Tributária e Aduaneira, solicitou, por duas vezes, a Paulo Núncio, autorização para a publicação de dados sobre transferências de dinheiro para "offshores." Não obteve essas autorizações, acaso envolvido em compromissos indesculpáveis. Mas a demissão de Paulo Núncio não desculpa o governo de Passos-Portas, além do que a hipocrisia da direita, neste caso, como em outros, atinge as zonas da obscenidade.

Paulo Núncio afirmou que a responsabilidade da não divulgação de dados foi da Autoridade Tributária, depois culpou os computadores, e só quando Azevedo Pereira o desmascarou assumiu a culpa. Por outro lado, as declarações de Assunção Cristas sobre Paulo Núncio provêm de alguém que entende a dissimulação e o encobrimento como actos necessários em política.

Ouvimos, pelas televisões, as declarações de alguns "comentadores", hoje promovidos a dirigentes da opinião pública, e ficamos hirtos de indignação. No nosso país, a indignidade e a desfaçatez atingiram carta de alforria, e quando se chega à conclusão de que o anterior governo mentiu aos portugueses, o assunto tem de ser investigado até às últimas consequências.

Corremos o risco de começarmos a ser interpretados como componentes de uma república das bananas; mas "há sempre alguém que resiste, alguém que sempre diz não". Disse-o, melhor do que qualquer outro, Manuel Alegre.

As coisas não vão ficar, certamente, por aqui, e atingimos um ponto em que temos de nos entender quanto ao significado das palavras honra, dignidade e pátria. De contrário, corremos o risco de soçobrar ante esta maré sobressaltada de oportunismo e venalidade. Não nos esqueçamos: todos estamos em perigo.

 

Ovar, 12 de Março de 2017

Álvaro Teixeira

Semanada (estatuadesal)

 

(In Blog O Jumento, 12/03/2017)
 
SEMANADA
 
Depois de ter elogiado Paulo Núncio pela sua elevação de carácter, Assunção Cristas descobriu agora que, afinal, não tinha havido qualquer responsabilidade política. Isto é, o tal momento de elevação de carácter de Paulo Núncio foi um tiro de pólvora seca, desnecessário e dado num momento de atrapalhação e na sequência de várias mentiras. Não havendo responsabilidades políticas por que motivo Assunção Cristas não insiste com Paulo Núncio para retirar o seu pedido de demissão dos cargos no CDS? Depois do momento de elevação de carácter de Núncio é a vez de ser Assunção Cristas a ter um momento idêntico.
Passos Coelho já sabe o que precisava de saber sobre as transferências para os offshores, que não tinha ocorrido qualquer situação fiscal e que o fisco ainda estaria a tempo de controlar. O problema agora é perceber por que motivo Paulo Núncio tudo fez para esconder as transferências dos olhos do povo, já que o argumento do “deixa-os pousar” não pegou.
Passos Coelho passou a semana em jantares de mulheres e talvez por isso se tenha transformado num exemplo de boas maneiras, principalmente nos debates parlamentares. Depois de muitas estratégias falhadas parece que a direita ensaiou uma nova versão de Passos, o líder da oposição é um rapaz muito educado e cheio de mesuras, o primeiro-ministro é um rufia mal-educado, reles e soez.
O Caso Marquês vai finalmente parir uma acusação e por incrível que pareça o BES que não serviu para acusar ninguém, serve agora para acusar José Sócrates. O MP deu a volta ao Mundo, mas em vez de ter começado no sentido da Av. Da Liberdade, onde estava a sede do BES, optou por viajar para nascente, deu a volta ao mundo, passou por paragens como Angola e Venezuela, passou uns tempos em Vale de Lobo, na viagem leram o livro de Sócrates e constituíram arguidos todos os que compraram mais de um exemplar e acabaram no CDT, o Culpado Disto Tudo. Estava escrito nas estrelas que a solução do Caso Marquês, a tal prova que levou três anos a encontrar, estava mesmo aqui ao lado.
Zita Seabra aparece num vídeo da Igreja Católica celebrando o 13 de Maio, estabelecendo a relação entre o centenário das aparições e o da revolução russa, para declarar a vitória de Fátima sobre Lenine. Depois de ver um modelo de virtudes proletárias, a mais dura dos comunistas no tempo de Cunhal, convertida numa beata devota da Nossa Senhora de Fátima, sou capaz de acreditar que um dia destes Maria Cavaco Silva ainda se vai inscrever na JCP, fazendo o percurso inverso ao da camarada Zita.
 
Ovar, 12 de Março 2017
Álvaro Teixeira

SÓCRATES e os SUBMARINOS! (estatuadesal)

 

(Joaquim Vassalo Abreu, 12/03/2017)
socrates_sub2
“Os Alemães inventaram o submarino que é uma espécie de pepino que anda no fundo do mar”, ouvia eu dizer quando era ainda pequenito!
Era um luxo reservado a países com grandes arsenais bélicos, mas depois, depois tornou-se moeda de troca comercial dos países construtores (como a Alemanha na Europa) e contrapartida “oferecida” a generais, almirantes e outros tratantes, satisfazendo e justificando a sua própria existência, para os manterem calados, quietos e mudos.
Só a Grécia foi “obrigada” a comprar seis, por exemplo, e Portugal dois. Os Gregos parece que vieram com defeito e os Portugueses, mal chegados, precisaram logo de revisão. Porquê? Porque estavam parados. Uns largos milhões, “ouvi” eu escrito.
E houve luvas para os vendedores, luvas para os compradores, luvas para os intermediários e…para Sócrates, claro! Em todos os lugares houve presos, menos em Portugal.
E é claro, como foi Sócrates quem os encomendou, quem os comprou e foi ele, através de um amigo, o beneficiário das tais luvas …foi preso. Eu lembro-me bem quando ele chegou e foi detido ao entrar na manga de saída do avião. Trazia droga escondida, era o que era, presumi eu. Não é por isso que prendem as pessoas, às vezes até por engano, quando se preparam para entrar nas mangas?
Contaram-nos foi uma estória paralela. Que havia indícios de fraude fiscal, de corrupção e outra coisa que já nem me lembro. Mas porquê? Por causa da LENA, a “dealer”, justificaram eles e mandaram-no para Évora, prá cela 44!
Afinal a Lena andava era com outro, com o seu amigo, e ele o que fazia era vida de “bon vivant” “à” Paris pois o amigo, para ele não se lembrar da Lena, emprestou-lhe lá um apartamento de luxo no “sixième” ou “seizième”, não sei bem. E parece que a levou para a Venezuela, para Angola e não sei que mais e, com a inestimável ajuda de um Vara, tentaram comprar um Vale no Lobo. Não no Pulo do Lobo, mas sim no Algarve. E pimba: foram todos presos! Todos menos a Lena. Mas de submarinos…nada! Silêncio sepulcral. Devia ser o trunfo que tinham na manga, um “joker”, ou coisa que o valha.
E tanto despistaram, tanto despistaram, que acabaram despistados, isto é, perdidos. E precisavam de mais tempo para reparar a máquina, dar voltas de treino às pistas, até encontrarem, quais pilotos da Fórmula Um, o equilíbrio certo do motor e o acerto da direcção.
Mas eis que surge o Salgado, a PT, o Bava, o Granadeiro, todos amigados a um Bataglia, que se descobriu ser o verdadeiro “passador”. Mas…e os submarinos? Nada, nadica de nada! E foi-lhes dado mais tempo, mais tempo e mais tempo, até que o tempo esgotou.
O “passador” veio dizer que não passava de um passador, que só fazia favores a pedido do amigo Salgado, para quem um pedido era uma ordem, mas não sabia para quem.
O advogado João Araújo diz que o processo já vai em 93 volumes, mas só conhece 83! E aí eu arregalei os olhos e vi nisso um apoio irrefutável à minha tese: a do trunfo escondido, ou “joker”, tanto faz. E o que será? Só podem ser os submarinos! Não se fala à boca cheia que as “luvas” eram de quase trinta milhões? Bate certo, pensei de imediato.
Porque vamos lá ver: quem era o culpado de tudo, não era o Sócrates? Dos negócios com a Venezuela, da amizade com Chavez, da amizade colorida com a Lena, do Vale no Lobo, de “la vie en rose à Paris”, da filosofia dos livros, da queda da PT, do empréstimo de 900 milhões que o Bava e o Granadeiro, impelidos e obrigados sob a ameaça da caçadeira do Sócrates, resolveram fazer à Rioforte e até à derrocada do Bes. Alguém o terá subornado para abater o Bes? Também seria de mais, não? Ah, até já me esquecia, mas o Passos hoje lembrou-mo: também do crédito malparado da Caixa, reparem.
“Maneiras que” só resta uma hipótese: os submarinos? Dizem que os documentos terão voado! Qual quê: e aqueles 10 volumes que não deram a ler ao Araújo?
Mas também dizem por aí, sem qualquer prova, claro, pois nem arguido foi constituído, que haverá um outro personagem mistério neste enredo, mas…é só fumaça, como dizia o outro.
Portanto, vão por mim: Os Submarinos! Foi o Sócrates, está mais que visto!
Esta é a minha versão actual, isto é, de pessoa mais actualizada.
Mas a memória escrita é aquela que nunca poderemos desprezar ou ignorar porque…está escrita! Mas é a mesma a que quase nenhum comentador ou analista quer voltar pois, de tão certos estavam, nem se querem recordar.
Eu não! Também nem sou analista nem comentador, serei quando muito um “gozador”( mas não no sentido de gozar com a dor, como aquele treinador que dizia que treinava a dor, ou o jogador que jogava a dor, estão a ver?), mas não renego nem me envergonho de nada daquilo que escrevi ou publiquei.
A propósito de Sócrates, por exemplo. Eu nunca votei nele, que fique claro, mas sempre o defendi, até prova em contrário, que fique claro também, e sobre a sua prisão e demais vicissitudes alguns textos escrevi, nomeadamente em Dezembro de 2014. Podem visitá-los no meu BLOG (aesquerdadozero@wordpress.com), tal como este que a seguir partilho e escrito a 6 de Dezembro desse mesmo ano de 2014 e cuja leitura, creiam em mim, aconselho vivamente. Notem só o título no Link…! O verdadeiro serial killer
 
Ovar, 12 de Março de 2017
Álvaro Teixeira

sábado, 11 de março de 2017

PS volta a subir e alarga vantagem sobre PSD para quase 10 pontos

A sondagem da Eurosondagem realizada em Março mantém a tendência de subida do PS e de queda do PSD. Os socialistas têm agora uma vantagem de 9,5 pontos percentuais sobre os social-democratas.

PS volta a subir e alarga vantagem sobre PSD para quase 10 pontos
 
O PS continua a subir e o PSD mantém a tendência de quebra. É esta a principal leitura da sondagem da Eurosondagem para a SIC e o Expresso, divulgada esta sexta-feira, 10 de Março, e que mostra os dois maiores partidos portugueses separados por praticamente 10 pontos percentuais.
Em Março os socialistas subiram meio ponto percentual, a mesma evolução verificada em Fevereiro, para 38,3% das intenções de voto, enquanto o PSD cedeu 0,2 pontos para 28,8%, depois de já no mês anterior ter caído. Ainda assim, e como salienta o jornal Expresso, a descida registada pelos social-democratas em Março (-0,2 pontos) é menor do que a registada em Fevereiro (-0,8 pontos), com o PSD a manter-se abaixo da marca dos 30%.
Já o Bloco de Esquerda manteve as intenções de voto de Fevereiro (9,2%), com os bloquistas a reforçarem a terceira posição, beneficiando da ligeira queda (-0,3 pontos) da CDU (coligação entre PCP e Verdes) que desliza para 8%.
Nota ainda para o CDS, que subiu ligeiramente para 7,2% das intenções de voto, e para o PAN que avançou 0,7 pontos para 1,8%. Esta sondagem reforça também a vantagem do PS sobre PSD e CDS somados, que mesmo juntos estão agora a mais de 2 pontos percentuais dos socialistas. 
Marcelo lidera subida de popularidade com todos os líderes em alta
Depois de ter perdido popularidade em Fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a melhorar os níveis de aceitação numa altura em que comemora um ano em funções como Presidente da República. Marcelo foi mesmo o líder político cuja popularidade mais subiu em Março, tendo aumentado 3,8 pontos para uma avaliação global positiva de 58,2 pontos.
Num mês em que a popularidade de todos os líderes dos partidos com presença no Parlamento subiu, também António Costa, primeiro-ministro, viu os seus níveis de aceitação junto da opinião pública subir 2,5 pontos para 31,8 pontos.
Seguem-se Jerónimo de Sousa, com a popularidade do secretário-geral comunista a crescer 2,3 pontos para 10,4 pontos, Passos Coelho, presidente do PSD, que melhora 1 ponto para 10,3 pontos, Assunção Cristas, presidente do CDS, que ganha 1,4 pontos para 9,7 pontos, e Catarina Martins, coordenadora do Bloco, que cresce 1,6 pontos para oito pontos.
Esta sondagem da Eurosondagem foi realizada entre os dias 1 e 8 de Março, sendo que o último dia foi também aquele em que se realizou o mais recente debate quinzenal, marcado pela troca azeda de galhardetes entre o primeiro-ministro e o líder do maior partido da oposição, facto que não parece ter tido grande influências na popularidade de ambos os dirigentes políticos. 
(Jornal Económico)
 
Ovar, 11 de Março de 2017
Álvaro Teixeira