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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Santos e bruxas

Aventar

por Bruno Santos

Design

Aquilo a que no Ocidente se chama civilização é um longo processo de sistematização das relações sociais e dos símbolos que a essas relações presidem. Desde há bastante tempo, contudo, que esse processo, em virtude da complexidade que atingiu, se transformou numa das mais exigentes disciplinas da Engenharia e, mais propriamente numa vertente muito particular da Engenharia que toma o nome de design.

O design de sistemas sociais faz-se através da aplicação de um cânone, de uma matriz de correspondências e proporções geométricas, ao conjunto de elementos mais ou menos dispersos que compõem um ou vários conjuntos sociais e respectivos símbolos, com o fim de organizá-los numa estrutura coesa de simetria variável, cujos pontos de estabilidade e ruptura sejam previsíveis e controláveis.

Essa simetria variável confere a cada estrutura a flexibilidade necessária à sua adaptação a condições permanentemente mutáveis, impedindo, ao mesmo tempo, que a tensão atinja um ponto de desmembramento, isto é, que force a estrutura para lá da sua capacidade de coesão e destrua o seu equilíbrio.

Uma das marcas mais visíveis do designer de sistemas sociais, o arquitecto de civilização, é o modo como relaciona os tais símbolos e, mais do que isso, as modificações que introduz na sua matriz geométrica, no seu cerne ontológico e na relação que eles estabelecem com os receptores psicológicos - identitários - dos elementos que compõem um conjunto e o conjunto dos conjuntos, vistos como um todo.



Contribuição do Facebook para manipulação eleitoral nos EUA foi muito além da visualização de anúncios pagos

Aventar

por j. manuel cordeiro
Fake
Páginas do Facebook geridas por russos foram responsáveis ​​por resultados muito mais palpáveis do que os milhões de visualizações de anúncios políticos durante as eleições norte-americanas. Com efeito, traduziram-se em dezenas de eventos políticos no mundo real nos EUA, incluindo uma manifestação ligada ao contra-movimento "Blue Lives Matter" (reacção ao movimento Black Masters contra a brutalidade policial exercida sobre os afro-americanos)  numa cidade e num protesto contra a brutalidade policial noutra cidade - e nos mesmos dias.
Uma investigação do Wall Street Journal revelou que pelo menos 60 marchas, manifestações ou protestos foram orquestrados, divulgados ou financiados por oito páginas do Facebook apoiadas pela Rússia. Estes números parecem indicar um nível de exposição muito superior ao que até agora se estimava.
· Páginas do Facebook investigadas: 8
· Número total de gostos: mais de 2 milhões
· Marchas, manifestações e protestos programados: pelo menos 60
· Eventos confirmados como ocorridos: 22

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Pirocumulonimbo. O fenómeno que pode estar na origem dos fogos de 15 de outubro


Logótipo de Diário de NotíciasDiário de Notícias






© Hélio Madeiras
Os incêndios mortais de Pedrógão Grande, a 17 de junho, e da zona centro, a 15 de outubro, poderão estar relacionados com um fenómeno raro, com um nome difícil de pronunciar: pirocumulonimbo. Dois elementos da Comissão Técnica Independente que investigaram os fogos do início do verão que mataram 64 pessoas acreditam que foi isso que aconteceu, segundo contaram à TSF.
"Pirocumulonimbo é uma tempestade criada por um incêndio", diz Paulo Fernandes, doutorado em Ciências Florestais e Ambientais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). De entre as imagens que viu e os relatos que ouviu acerca dos incêndios, destaca a nuvem do incêndio, que descreve como "muito desenvolvida, muito alta, que a determinada altura começou a produzir relâmpagos e trovões". "Esse é um dos sinais do pirocumulonimbo", conclui.
Este fenómeno já havia sido descrito pela Comissão Técnica Independente relativamente ao incêndio de Pedrógão. "É uma nuvem de fumo que sobe muito alto, a 10 quilómetros, 12. Quando essa nuvem sobe tão alto, além da condensação, forma-se gelo e é o atrito entre os cristais de gelo que pode provocar raios, provocados pelo próprio incêndios, e que por vezes dão origem a novas ignições", descreve o Paulo Fernandes, para quem a existência de um pirocumulonimbo "explicaria, pelo menos em parte, a devastação a que se assistiu nestes dois grandes incêndios do interior". De acordo com o que o investigador afirmou à TSF, "um incêndio florestal típico não causa aquela destruição", sendo necessário para isso acontecer "vento forte, com projeções a grande distância de materiais incandescentes".
Carlos Fonseca, outro elemento da Comissão Técnica Independente, diz à mesma rádio que aquilo que viu foi "um incêndio de uma dimensão, de uma violência, de uma rapidez como nunca tinha assistido". O investigador, que também andou no terreno a combater as chamas junto da sua propriedade, recorda as? "labaredas com mais de 30 metros, com fumos de múltiplas cores", um cenário com "toda uma dinâmica atmosférica estranha".

Sobre a disjunção entre o título e o corpo de um texto do Observador

Aventar



por j. manuel cordeiro

Observador

Façamos um exercício de adivinhação sobre a mensagem deste artigo da autoria de Edgar Caetano, começando pelo título.

"Os anos da troika. Portugal foi o único país a sair da crise com menos desigualdade"

"Os anos da troika" define o horizonte temporal como sendo o período em que a troika esteve em Portugal, ou seja, de 2011 a 2013, ou eventualmente até 2015, dada a associação popular entre o governo de Passos Coelho e a troika. O resto do título contraria a tese generalizada sobre o impacto negativo da troika. Afinal, a troika trouxe aspectos positivos, assim se depreende.

Continuemos pelo lead. Um estudo académico critica a política da austeridade, mas "destaca Portugal" por ser o único onde esta causou "menos desigualdade". Há, portanto, um reforço da tese do título e acrescenta-se credibilidade (estudo académico), ao mesmo tempo que se enquadra a vox populi quanto à percepção dos efeitos da austeridade, naturalmente desprovida da sapiência de um paper académico.

Andámos, portanto, errados. Ou será que é melhor ler o artigo?

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Kanal Da Ju Entrevista Ao Jornalista Jaime Froufe