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domingo, 5 de novembro de 2017

Para além do blá blá blá

Aventar

por Ana Moreno

A Conferência do Clima da ONU começa amanhã, 6 de Novembro, em Bona.

  • Ontem, pelo menos 10 milhares de pessoas saíram à rua, para exigir uma mudança das políticas energéticas, acusando o governo alemão de não tomar medidas contra as mudanças climáticas, em especial, a redução do uso do carvão na produção de electricidade.
  • Hoje, cerca de 3.000 activistas manifestaram-se junto de uma mina de carvão a céu aberto, situada a 50km de Bona, tentando bloqueá-la e encerrá-la temporariamente. Várias centenas de pessoas conseguiram entrar na mina e pretendiam ocupar as escavadoras. A polícia pôs fim à acção de protesto, usando gás lacrimogéneo.

A Alemanha gosta de se arvorar em pioneira de melhores políticas climáticas, quando, na realidade, a sua indústria está dominada pelo carvão: em 2016, 40% da energia foi produzida a partir de lenhite e carvão. E não vai cumprir as metas climáticas que prometeu para 2020. A União Europeia, por seu lado, continua a subsidiar o carvão e a promover o transporte massivo de produtos por meio mundo, com os seus "acordos de comércio livre".

Há que dar cabo do planeta e ir aldrabando a sorrir. Os nossos filhos podem vir a ser o que quiserem, só têm é que se despachar, o planeta ameaça dar o berro.

Da relativização, política e mediática, das alterações climáticas

ladroes de bicicletas

Posted: 31 Oct 2017 07:55 PM PDT

Salvo referências pontuais na imprensa escrita e em alguns noticiários, a excecionalidade das condições climátéricas tem sido manifestamente secundarizada na discussão das causas e da natureza dos recentes incêndios. Não custa, porém, perceber porquê: no plano político-partidário, sem desvalorizar o mais possível a relevância destes fatores, não se pode apontar com a veemência desejada o dedo ao Governo; no plano mediático, por seu turno, nem a anomalia das condições meteorológicas nem o peso esmagador das dimensões estruturais (da desertificação do interior ao desordenamento florestal), permite «vender» tão bem como o fervilhar, desmesurado e artificial, de «notícias» e «comentários» sobre as tensões entre Belém e São Bento ou as «falhas operacionais» e «responsabilidades do Estado». Como se aí estivesse, afinal, o essencial da explicação para o que aconteceu.
E contudo as alterações climáticas aí estão, com sinais muito claros quanto ao que pode vir a ser o futuro próximo, marcado por uma espécie de «novo normal» climatérico, sobre o qual deveríamos concentrar-nos, para poder mudar o que é preciso mudar (e que está para lá da resolução de todos os entorses estruturais que há muito identificámos). É que não se trata apenas de considerar a tendência gradual de subida das temperaturas e de aumento da seca, registada nos anos mais recentes (como demonstra a notável ilustração do IPMA, reproduzida aqui em baixo). Como não se trata, apenas, de considerar que o passado mês de outubro foi o «mais quente dos últimos 87 anos (desde 1931)» e, simultaneamente, «o mais seco dos últimos 20 anos», com 75,2% do território em seca extrema e 24,8% em seca severa (façam as contas e vejam o que sobra para as restantes categorias do Índice de Severidade de Seca).

De facto, a somar a tudo isto (ou melhor, indissociável de de tudo isto), temos a ocorrência de fenómenos no mínimo raros entre nós (para não dizer inéditos) e ainda mal conhecidos, que tiveram lugar nos dois dias de incêndios mortais deste ano: 17 de junho (com o downburst de Pedrógão) e 15 de outubro, em que os ventos quentes trazidos do norte de África pelo Ofélia garantiram uma destruição sem precedentes, com incêndios indomáveis a tirar todo o proveito possível da secura extrema e das temperaturas anómalas que se verificaram nesse dia. Ou seja, da combinação terrível entre valores de humidade relativa inferiores a 30%, temperaturas acima de 30ºC e ventos superiores a 30 Km/h, as condições propícias para a ocorrência de fenómenos convectivos e wildfires. O relatório da Comissão Técnica Independente (CTI) registou aliás a este respeito um testemunho particularmente impressivo de uma residente em Sarzedas de S. Pedro (perto de Pedrogão):

«Cerca das 20 horas e pouco (não posso precisar a hora exata) escureceu totalmente e logo de seguida surgiu uma grande bola de fogo precedida por um vento, parecido com um ciclone (...). O que por aqui passou não é o fogo que vinha lavrando nos pinhais circundantes, mas sim uma espécie de bomba que rebenta do nada e que abre o céu numa claridade de chamas que espalha faúlhas, ou línguas de fogo, em todas as direções. Foram essas línguas de fogo que incendiaram a minha aldeia e outras em redor» (pág. 67).

De facto, o relatório da CTI é muito claro (tal como o relatório do CEIF) sobre as circunstâncias pirometeorológicas em que ocorreram as mortes de Pedrogão (em particular na EN 236-1), assinalando que a hora fatídica (sensivelmente entre as 20h00 e as 21h00) está associada ao momento em se deu o colapso da «pluma de incêndio» e em que se registou o maior número de hectares de área ardida, a maior velocidade de propagação do fogo e os valores mais elevados de intensidade de frente de chama, associados ao downburst e a outros fenómenos de «fogo extremo».

Quer isto dizer que se deve excluir a hipótese da existência de «falhas operacionais» naquele que foi o combate a estes incêndios? Certamente que não e os relatórios não as excluem, sugerindo contudo que a avaliação dessas mesmas falhas deverá ser enquadrada pelo comportamento errático e imprevisível deste tipo de fogos (que exponencia a dificuldade, e até a impossibilidade, de os extinguir), pelo insuficiente «conhecimento especializado em pirometeorologia aplicada» e, por isso, pela compreensível impreparação de uma estrutura que está, no essencial, concebida para enfrentar incêndios «normais», e apenas ciente dos obstáculos e adversidades sócio-espaciais que se foram acumulando.
O que nos aconteceu é pois, fundamentalmente, uma outra coisa: há novos fenómenos e circunstâncias climatéricas que aproveitaram a vulnerabilidade de um território descarnado (de pessoas, de políticas e de Estado) que o frenesim volátil das bolhas mediáticas e dos oportunismos políticos de um certo Portugal urbano tem dificuldade em, verdadeiramente, compreender.

Paradise Papers. Nova fuga de informação expõe rainha de Inglaterra

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Expresso Diário, 05/11/2017)

paradise

(Este artigo mostra que está tudo podre. Os negócios, e o capitalismo, precisam dos Estados para gerirem a ordem social e evitarem a organização e as manifestações de desconforto de quem trabalha. Mas quando se trata de pagar esses "serviços", fogem a sete pés e os offshores são a sua predilecção. Ninguém sai incólume, da direita à esquerda, de norte a sul, de este a oeste. Curiosamente, a exemplo do que se passou com os Panamá Papers, de Portugal nem rasto de denúncias de "peixe graúdo". Ou os nossos milionários são uns tesos, ou são muito competentes na fuga aos impostos, ou estão muito bem "protegidos" pelos jornalistas da lusa imprensa, das três uma. Eu, não sei porquê - ou talvez saiba -, aposto que a última hipótese é a mais provável.

Estátua de Sal, 05/11/2017)


São mais de 13 milhões de ficheiros, numa nova fuga de informação global sobre paraísos fiscais investigada pela organização que lançou os Panama Papers. Revelações incluem os negócios do secretário do Comércio de Donald Trump com o círculo próximo de Vladimir Putin e os tentáculos offshore do principal angariador de fundos do primeiro-ministro do Canadá....


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Marcelo está com legionela?

Estátua de Sal

por estatuadesal

(In Blog Um Jeito Manso, 05/11/2017)

marcelo_caricatura2

19 casos de legionela levam Marcelo ao hospital São Francisco Xavier... li eu.

Até me assustei. Pensei: bolas, coitado, apanhou legionela, é um dos 19...

Mas, afinal, lendo a notícia, vi que não. É uma doença que ele tem mas não é legionela, é a doença de ter que estar em todas, a também chamada síndrome do emplastro. Ou seja, foi lá só para saber o que se passa. A minha alma ficou parva. Um dia destes, e deixa-me virar a minha boca para lá, mas, dizia eu, um dia destes dá-me uma dor de barriga, vou ao hospital a ver se me travam e ainda dou de caras com o Prof. Marcelo, ido lá, de propósito, para me dar um beijinho e uma palavrinha de conforto que isto, quando uma pessoa está com soltura, faz muita falta uma palavrinha de conforto.....

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As erupções vulcânicas podem acabar com o verão

Por ZAP

4 Novembro, 2017




rodolfoaraiza.com / Flickr
Erupções vulcânicas de grandes proporções num futuro próximo podem prejudicar as temperaturas a nível mundial. Se o clima continuar a mudar a este ritmo, as gerações futuras poderão ter de enfrentar “anos sem verão”.
Ao estudar o impacto que as grandes erupções vulcânicas poderiam provocar na Terra, uma equipa de cientistas do Centro Nacional de Investigação Atmosférica (NCAR) concluiu que os oceanos não serão capazes de nos proteger dos efeitos do enxofre em erupção e do perigo dos aerossóis como era habitual.
Os autores do novo estudo, publicado esta semana na Nature Communications, analisaram o impacto que a erupção do Monte Tambora teve no clima da Terra em abril de 1815. O estudo provou que esta erupção desencadeou o chamado “ano sem verão” de 1816.
Segundo o LME, Last Millennium Ensemble, projeto que simula o clima da Terra com base no histórico de erupções vulcânicas de 850 a 2006, a erupção do Monte de Tamborra, na Indonésia, causou um arrefecimento global significativo e a formação de mais neve e gelo na Europa.
Este arrefecimento fez com que as temperaturas no verão de 1816 fossem muito baixas, tendo causado a perda de colheitas, doenças e a morte de cerca de 100 mil pessoas em todo o mundo.
Através de simulações, os cientistas descobriram que se uma erupção semelhante acontecer em 2085, as temperaturas poderão diminuir ainda mais drasticamentedo que em 1815. Alertam ainda que essa diminuição não será suficiente para compensar o aquecimento futuro associado às mudanças climáticas.
Para além disso, os autores do estudo admitem que o arrefecimento resultante da possível erupção poderá diminuir significativamente a quantidade de precipitação no mundo inteiro.
Por sua vez, com temperaturas mais altas – como as que se têm verificado – os oceanos serão cada vez menos capazes de moderar os impactos climáticos causados por erupções vulcânicas.
À medida que o nosso clima aquece, as temperaturas da superfície do mar também aumentam, fazendo com que a água mais quente não seja capaz de se misturar com a água mais fria e mais densa do fundo do mar.
Depois de uma tal erupção vulcânica, a água fica presa na superfície, em vez de se misturar no oceano, reduzindo a quantidade de calor libertada para a atmosfera. É por isso que os cientistas preveem a chegada dos “anos sem verão”.
No entanto, os resultados são apresentados de forma cautelosa, dado que os efeitos exatos são difíceis de prever. “A resposta do sistema climático à erupção de 1815 no Monte de Tambora dá-nos uma perspetiva sobre o futuro, mas o nosso sistema climático pode responder de forma muito diferente“, explicou o autor Otto-Bliesner.
ZAP // alphr