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domingo, 12 de novembro de 2017

Eles comem tudo

Ladrões de Bicicletas


Posted: 12 Nov 2017 02:08 AM PST

A ideologia da feira de tecnologias de Lisboa, incluindo a patética celebração de péssimas ideias como o Rendimento Básico Incondicional, sinaliza, como já aqui argumentei no ano passado, muito do pior de uma fase do capitalismo onde a inovação com capacidade de incremento de uma produtividade estagnada praticamente não existe, mas existem demasiadas formas de inovação que se destinam a controlar e a alienar, mantendo a redistribuição a fluir de baixo para cima.
A sua cultura está ao nível do projecto ideológico. Este ano parece que não houve o galo da inenarrável Joana Vasconcelos, cuja arte se não existisse tinha de ser inventada para esta época, mas houve um elitista jantar de gala no Panteão Nacional, repito, no Panteão Nacional, e, já se sabe, comer é um acto de cultura. E eles comem tudo. Enfim, tudo se compra e tudo se vende, porque por detrás do aparente igualitarismo da t-shirt e da sapatilha esconde-se uma brutal predação do tempo e do espaço.
António Costa pode justamente classificar o jantar como “absolutamente indigno do respeito devido à memória dos que aí honramos” e proibir festas no Panteão, mas a verdade é que o governo português tem andado a promover e a financiar esta feira de horrores ideológicos. E tem, em conjunto com o governo anterior que permitiu estas pouca-vergonhas nos monumentos, responsabilidades pelo espaço que esta feira literalmente ocupou num dos seus bem reveladores finais. Por falar em respeito, talvez seja aconselhável que António Costa não volte a fazer o que fez no seu discurso nesta feira, diminuindo a sua função a uma promoção do país.

Praga da Psila Africana já está disseminada no concelho

As cusquices de Esmoriz

Praga da Psila Africana já está disseminada no concelho

Posted: 11 Nov 2017 09:28 AM PST

A Trioza erytreae (Del Guercio), ou psila africana dos citrinos, é um insecto que tem causado o fim de vários tipos de citrinos - limoeiros, limeiras, laranjeiras, tangerineiras, toranjeiras, etc. Este insecto deforma as folhas e debilita as plantas, provocando mesmo autênticas devastações. Esta praga, de origem africana, terá sido introduzida na Galiza, avançando posteriormente para as regiões Norte e Centro de Portugal. A sua expansão tem sido uma realidade nos últimos tempos. Neste momento, todas as freguesias do concelho de Ovar já foram afectadas pela sua presença prejudicial, pelo que importa alertar todos os cidadãos para tal facto.

De acordo com informação oficial dos serviços da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, os proprietários de citrinos são obrigados, em caso de contaminação, a:

- realizar tratamentos fitossanitários frequentes nessas árvores com produtos fitofarmacêuticos autorizados, como sejam o ACTARA 25 WG (tiametoxame), o CONFIDOR O-TEQ (imidaclopride), o NUPRID 200 SL (imidaclopride) ou EPIK SG (acetamiprida) ou, para uso não profissional, o POLYSECT ULTRA PRONTO (acetamiprida), tendo o cuidado de molhar completamente os ramos.

O tratamento deve ser realizado à rebentação e repetido 2-3 semanas depois, conforme preconizado pelo produto fitofarmacêutico em questão. Deve ser mantido um registo da realização dos tratamentos, designadamente dos produtos, doses e datas de aplicação;

- em caso de presença de sintomas da Trioza, proceder de imediato a podas severas aos rebentos do ano (com destruição dos detritos vegetais pelo fogo ou enterramento no local);

Apela-se ainda que caso sejam observados sintomas em plantas de citrinos deverão contactar imediatamente a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, assim como para obter qualquer esclarecimento adicional relativo a este assunto, os interessados deverão contactar a Divisão de Apoio à Agricultura e Pescas através do endereço de e-mail: daap@drapc.min-agricultura.pt ou dos telefones 272 348 600/73.

Imagem retirada de: http://agriculturaemar.com/direccao-geral-de-veterinaria-actualiza-mapa-da-psila-dos-citrinos/

Entretanto, no Panteão Nacional

por estatuadesal

(Sérgio Lira, in Facebook, 12/11/2017)

panteao

- Guerra Junqueiro - Finis Patriae!!! já não há paz, nem no sepulcro... jantaradas... eram padres, de certeza!

- Eusébio - e nem uns tremocinhos...

- Teófilo Braga - Fosse comigo! que descaro, que falta de tradições, que pobreza de lingajar!

- Manuel de Arriaga - Óh homem, você cale-se! não percebe nada de política...

- Teófilo Braga - ah, pois parece que o meu caro amigo é que percebe, não? lá porque foi o primeiro...

- Manuel de Arriaga - bem, pelo menos não fiz cair o meu próprio governo, não é?

- Eusébio - e nem uns tremocinhos...

- Sidónio - Pouco barulho, vós dois! ou corro-vos à chibatada!

[coro dos mortos, excepto Carmona] - óh pascácio, vai pra fila da sopa e cala a matraca! ainda levas mas é um tiros nos cornos...

- Carmona - Cambada de comunistas! óh Sidónio, e mandarmos estes gajos todos pró Tarrafal?

- Humberto Delgado - Tentem! tentem! que aqui ninguém tem medo!!!

- Sophia - Tarrafal? onde fica isso?

- Amála - ai filha, em Espanha é que não fica...

- Sophia - Que quer a Senhora dizer com isso?

- Amália - Ai, Mouraria...

- Sophia - Explique-se, vá!

- Eusébio - e nem uns tremocinhos...

- Amália - Isto aqui é "Uma casa Portuguesa", não há cá prémios de rainhas estrangeiras... olha a catraia...

- João de Deus - Meninas! vá... vamos pela Cartilha, sim, com brandura...

- Garrett - eu era mais à volta do meu quarto...

- Eusébio - e nem uns tremocinhos...

- Aquilino - e você a dar-lhe com os tremoços! não se pilha mais nada, por estes brejos?

Madrinha dos portugueses?

Eduardo Louro

  • 11.11.17

Resultado de imagem para madrinha dos portugueses

Não há volta a dar: o homem atingiu um estatuto tal que acha que já pode dizer tudo.

Lembram-se do catavento?

Quando um cata vento quando acha que já pode dizer tudo... diz mesmo tudo!

sábado, 11 de novembro de 2017

Webslavery

por estatuadesal

(Daniel Oliveira, in Expresso, 11/11/2017)

Daniel

Daniel Oliveira

Mais do que investimento externo, a Web Summit ajudará a mudar as mentalidades, oferecendo aos jovens uma nova “narrativa” para que percebam que no “mercado de trabalho do futuro” vão ser eles “a criar os seus próprios empregos”. Carlos Moedas falava para a TSF e foi com estas palavras que juntou a sua excitação à excitação de governantes, jornalistas e muitos parolos. Falemos então dessa “narrativa” onde não cabe o comissário europeu, que preferiu continuar no velho mundo em que o seu trabalho é criado pelo Estado e lhe dará uma reforma confortável. Falemos desse maravilhoso futuro em que todos seremos empreendedores.

Quando se fala desta nova realidade muitos se imaginarão com um destino semelhante ao de Mark Zuckerberg, Steve Jobs ou Jeff Bezos. Mas o mais provável é que acabem a consultar a página do “Mechanical Turk”. O “turco mecânico” foi criado pelo escritor e inventor húngaro Wolfgang von Kempelen. Era um boneco que jogava e ganhava partidas de xadrez. Mas a inteligência artificial desta máquina era uma aldrabice. Ela tinha uma pessoa lá dentro. A Amazon inspirou-se nesta fraude para criar uma plataforma a que deu o irónico nome de “Mechanical Turk” com uma não menos bem humorada assinatura: “Artificial Artificial Intelligence”. A página, que é apenas uma entre muitas do género, serve para procura e oferta de “Human Intelligence Tasks” (HITs), minúsculos trabalhos na internet, feitos a partir de casa. Tarefas como identificar pormenores em imagens, escrever descrições de fotografias, colocar informação em bases de dados, colocar tags e likes, fazer transcrições ou buscas em redes sociais. O trabalho ultrafragmentado pode durar cinco minutos e ser apenas parcialmente executado. Os fornecedores (esqueçam os colaboradores, como esqueceram os trabalhadores) são complementares às máquinas e recebem cêntimos por cada pequena tarefa numa produção absolutamente alienada e sem qualquer tipo de vínculo, direito, horário ou proteção. Como os que se plantavam às portas das fábricas na esperança de serem escolhidos para o trabalho à jorna, cada um criará, de facto, o seu emprego. Empregos que duram minutos.

A globalização associada à tecnologia conseguiu romper as amarras com que o Estado e a lei seguravam o capitalismo. E é com esta nova “liberdade” que o século XXI nos transporta para o século XIX. Estranho é que as mesmas pessoas que celebram sem qualquer perspetiva política o espírito do Web Summit se indignem com os Paradise Papers. Uma coisa é a outra.

“Mechanical Turk” e offshore prosperam num mundo globalizado onde a tecnologia permite contornar todas as formas de regulação. É essa, e não a velha possibilidade de usar o telefone para chamar um táxi, a grande vantagem concorrencial da Uber. É essa, e não a capacidade de vender pequenos trabalhos a quem os procura, a grande vantagem concorrencial do “Mechanical Turk”. Não sou um ludista pronto para destruir as máquinas. Mas o papel dos políticos ou dos eurocratas que capturaram os seus poderes não é impor novas “narrativas” para que aceitemos como natural a selva que nos reserva o futuro. É criar os instrumentos regulatórios para que a tecnologia sirva para nos libertar e não para nos escravizar. Histórias como as dos Paradise Papers explicam-nos porque não o fazem: não é para nós que trabalham.