El Mundo: Portugal passou da “humilhação” do resgate à “recuperação” da economia graças a Centeno
"De uma personagem questionada pelas autoridades financeiras, Centeno tornou-se querido tanto de Washington como de Bruxelas", referiu o jornal espanhol, apontando o ministro das Finanças português como um dos favoritos para a presidência do Eurogrupo em 2018.
Cristina Bernardo
O jornal El Mundo vê o ministro das Finanças, Mário Centeno, como um dos mais fortes candidatos à liderança do Eurogrupo. Numa altura em que a zona euro está a preparar a saída de Jeroen Dijsselbloem da presidência do grupo informal de ministros das Finanças, o português é uma possibilidade para o cargo, para o qual as candidaturas estão abertas até ao final do mês.
“Pouco mais de seis anos depois de se encontrar à beira da bancarrota e de ter pedido um humilhante resgate de 26.300 milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal recuperou a estabilidade económica e caminha para saldar as dívidas pendentes com a instituição internacional”, escreve a publicação espanhola.
Segundo o El Mundo, a estabilidade económica deve-se em parte ao trabalho do “Ronaldo do Ecofin”, como Wolfgang Schäuble chamou a Centeno, e especialmente à política de reembolsos antecipados ao FMI.
“Os pagamento antecipados converteram-se numa espécie de política financeira não oficial do Governo de Costa, que visa cumprir os compromissos financeiros do país no exterior”, escreveu o jornal. “Os responsáveis pelas Finanças defendem a prática por considerarem que o país tem de aproveitar o cenário económico atual para reduzir a dívida de forma gradual e sustentável”.
Na semana passada, o ministério das Finanças anunciou um novo reembolso antecipado de 2.780 milhões de euros ao FMI, que fez com que o valor liquidado subisse para 76% da dívida à instituição. Assim, o Executivo de António Costa já pagou este ano 9.102 milhões de euros da dívida com os juros mais caros que Portugal tem, o que tem permitido reduzir os custos de gestão.
“Os reembolsos antecipados não só servem para livrar o Estado de parte dos interesses associados, mas também ajudam a tranquilizar as instituições internacionais e as agências de rating que inicialmente desconfiavam do ministro das Finanças, Mário Centeno”, sublinha o El Mundo, lembrando que uma das razões para a desconfiança das instituições internacionais foi a decisão de repor parcialmente os cortes nos salários da função pública.
“De uma personagem questionada pelas autoridades financeiras, Centeno tornou-se querido tanto de Washington como de Bruxelas”, referiu ainda. “Atualmente, Centeno está a emergir como favorito para a presidência do Eurogrupo, substituindo o holandês Jeröen Dijelbloem em 2018”.